As eleições presidenciais americanas entre Kamala Harris e Donald Trump em 2024 podem ter forte impacto na relação diplomática entre Brasil e Estados Unidos, especialmente em temas como proteção à democracia, meio ambiente e comércio. Dependendo do vencedor, o Brasil pode se ver em cenários de alinhamento ou tensão com os EUA em áreas sensíveis da política externa. Com informações do G1.
Kamala Harris, caso eleita, provavelmente manteria a agenda atual do governo Biden, priorizando direitos humanos, multilateralismo e o meio ambiente. Segundo o professor de relações internacionais Tanguy Baghdadi, há semelhança entre as pautas de Lula e Kamala, o que facilitaria o diálogo entre os dois governos. Para ele, a relação seria cordial e de “manutenção dos laços institucionais”, sem grandes mudanças.
“Não há uma garantia de que a relação seria ruim, até porque, o Lula também, em diversos momentos, já buscou a aproximação com líderes que não eram exatamente de esquerda. Então, há uma certa facilidade dos dois em promover esse diálogo”, analisa.
Já uma vitória de Trump pode gerar desafios. Hussein Kalout, cientista político, acredita que Trump traria um estilo mais agressivo, especialmente em temas como China e Venezuela. Ele avalia que uma reaproximação automática com os EUA seria improvável, pois o Brasil tenderia a se alinhar mais com a China para manter um equilíbrio diplomático. Kalout destaca que a postura de Trump é mais assertiva do que a de Biden em relação a rivais como Nicolás Maduro.
“Se, em uma eleição futura no Brasil, nós tivermos questionamentos no processo eleitoral e uma inflexão na nossa ordem democrática, o comportamento do Trump não será igual ao comportamento do Biden ou da Kamala. Ele vai tomar um lado, né? E, provavelmente, será o lado, digamos, do bolsonarismo”, comenta.
A questão ambiental também poderia sofrer um impacto sob um novo governo Trump. O ex-presidente já demonstrou pouco interesse por políticas climáticas, o que pode gerar distanciamento nas discussões ambientais com o Brasil. Trump ainda é uma figura de forte influência na direita global, o que, segundo Baghdadi, pode fortalecer setores conservadores no Brasil.
Tanto Baghdadi quanto Kalout apontam que Trump tende a apoiar aliados com visões semelhantes, como foi o caso com Jair Bolsonaro. Isso poderia significar apoio a uma base política conservadora no Brasil, gerando impactos nas eleições brasileiras futuras. “A vitória de Trump pode impulsionar o bolsonarismo em possíveis eleições no Brasil”, explica Kalout.
Em termos de política externa, a relação entre Brasil e Estados Unidos depende das prioridades de cada governo. Segundo Baghdadi, as diferenças nas posturas dos países quanto a conflitos como a guerra na Ucrânia e questões no Oriente Médio mostram que os EUA não enxergam o Brasil como um aliado estratégico, mas sim como um parceiro com interesses distintos.
Embora o Brasil seja um parceiro comercial importante para os EUA, não há uma aliança formal, especialmente na área militar. Kalout ressalta que as relações são de “interesse econômico, mas sem compromissos de defesa mútua”. Ele observa que, no caso de uma vitória de Kamala, essa relação de cordialidade deve permanecer.
Para ambos os especialistas, seja com Kamala ou Trump, o Brasil não deve estar entre as grandes prioridades americanas. Em suas análises, a relação diplomática se manterá no nível institucional, sem aprofundamentos significativos em caso de mudanças na Casa Branca.
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