Torcedores do clube holandês Ajax têm sido chamados de “antissemitas” após agredirem apoiadores do Maccabi Tel Aviv em Amsterdã. Os times se enfrentaram nesta quinta (7) pela Liga Europa e o pós-jogo teve confrontos violentos na capital do país.
Apesar da acusação de que as agressões foram motivadas por antissemitismo, o Ajax assumiu uma identidade judaica nas últimas décadas e seus torcedores se intitularam “Super Judeus” nos anos 1970. À época, os apoiadores do time da capital começaram a levar bandeiras de Israel e Estrelas de Davi para arquibancadas, e a entoar a música hebraica Hava Nagila, cantada em comemorações judaicas.
Amsterdã chegou a receber o apelido de “capital judaica no ocidente” na década de 1940, quando cerca de 80 mil judeus moravam na capital. O número chegou a 140 mil quando os alemães invadiram a Holanda e por volta de 75% da comunidade foi assassinada, segundo o Yad Vashem, museu do Holocausto em Jerusalém.
A comunidade judaica representa atualmente apenas 0,3% da população holandesa, mas o Ajax ainda carrega a identidade do povo e recebe ataques de rivais durante jogos.
Durante uma partida em 2010 contra o Feyenoord, clube de Roterdã e seu maior rival, torcedores entoaram diversos insultos antissemitas e chegaram a assobiar para imitar as câmaras de gás usadas na época do Holocausto.
O Ajax teve diversos jogadores, treinadores e até presidentes judeus, mas a adesão à identidade gerou críticas da própria torcida e de dirigentes, que alegavam que o apoio ao povo poderia gerar ataques antissemitas motivados por futebol.
Em 2017, em entrevista à agência de notícias Jewish Telegraphic, um torcedor do Feyenoord afirmou: “Não tenho nada contra o seu povo. Quando digo que eu odeio judeus, eu quero dizer torcedores do Ajax”.
“Por volta de 90% dos torcedores do Ajax não sabem nem onde fica Israel. Quando gritam ‘judeus, judeus’ ou ‘super-judeus’, querem motivar o time e nada mais. Os adversários não são necessariamente antissemitas, mas são contra o Ajax. E se o Ajax é os judeus, eles têm que ser contra os judeus”, afirmou Hans Knoop, porta-voz de uma fundação contra o antissemitismo no futebol holandês, à revista Der Spiegel.
David Endt, judeu e diretor do Ajax entre 1997 e 2013, afirmou não gostar da associação da torcida com a comunidade, alegando que isso “fornece ao outro lado um álibi para gritar coisas erradas sobre isso, para machucar pessoas que nada têm a ver com o futebol”.
Os responsáveis pela agressão contra os torcedores do Maccabi Tel Aviv fazem parte de um grupo antifascista de apoiadores do Ajax. Os adeptos ao clube israelense fizeram diversas provocações em Amsterdã, chegando a rasgar bandeiras da Palestina expostas em imóveis da capital.
Ignorando o histórico do clube holandês, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, classificou o episódio como “ataque antissemita”. Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Interna de Israel, afirmou que os torcedores do Maccabi Tel Aviv foram “atacados com crueldade, de uma maneira inimaginável, simplesmente porque eram judeus e israelenses”.
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