Morte de empresário é a 10ª causada por guerra interna do PCC nos últimos anos

Atualizado em 9 de novembro de 2024 às 9:20
O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach. Foto: Reprodução

A morte do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, executado a tiros no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, foi a décima entre membros do alto escalão do Primeiro Comando do Crime (PCC) nos últimos anos. Ele também era apontado como mandante do assassinato de Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta” também integrante do PCC.

Por causa do crime, e de assinar um acordo de delação premiada depondo contra outros faccionados, Gritzbach tornou-se alvo da organização criminosa após alegações de desvio de valores milionários em criptomoedas.

A sequência de mortes de integrantes do PCC começou em fevereiro de 2018, quando Rogério Jeremias de Simone, o “Gegê do Mangue”, e Fabiano Alves de Souza, o “Paca”, foram executados em Fortaleza. Gegê, um dos líderes recém-libertados, foi acusado de questionar o uso dos recursos do PCC para operações particulares, contrariando os interesses de figuras influentes da organização.

As investigações indicaram que Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”, então braço direito de Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, ordenou o duplo homicídio. Fuminho, que operava com Marcola em negócios no Porto de Santos, teria recebido o aval do líder para o ataque.

Em retaliação a esses assassinatos, Wagner Ferreira da Silva, o “Cabelo Duro”, foi morto em frente ao hotel Blue Tree Towers, na Zona Leste de São Paulo, no mesmo ano.

Da esquerda para a direita: Gegê do Mangue, Cabelo Duro e Gritzbach. Foto: reprodução

O racha interno intensificou-se em 2021, quando Cara Preta e seu motorista Antônio Corona Neto, conhecido como “Sem Sangue”, foram mortos em um atentado atribuído a Gritzbach.

De acordo com o Ministério Público de São Paulo, o empresário teria recebido cerca de R$ 100 milhões de Cara Preta para investir em criptomoedas, mas desviou o montante. A descoberta do golpe fez com que ele fosse sequestrado, torturado e, posteriormente, libertado pela facção, com a promessa de que restituiria o dinheiro.

Ao ser preso pelas autoridades, Gritzbach aceitou colaborar em uma delação premiada, oferecendo detalhes sobre as operações do PCC. Sua decisão aumentou ainda mais a tensão, com o empresário temendo pela própria vida. A execução dele, no aeroporto, é vista como uma possível retaliação ao seu papel de delator e aos prejuízos financeiros causados à facção.

Noé Alves Schaum, apontado como executor dos assassinatos de Cara Preta e Sem Sangue, também foi assassinado e decapitado em 2022.

No mesmo ano, Cláudio Marcos de Almeida, o “Django”, que também era próximo de Cara Preta, foi assassinado. Já em 2023, Rafael Maeda Pires, o “Japonês”, foi encontrado morto com uma pistola ao lado, em circunstâncias que inicialmente sugeriram suicídio, mas levantaram suspeitas após análise da perícia, devido a inconsistências como o tiro no lado esquerdo da cabeça e a arma próxima à mão direita.

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