Neste domingo (10), a cantora transexual Santrosa, de 27 anos, foi encontrada morta em uma área de mata em Sinop, município localizado a 503 km de Cuiabá. Segundo informações da Polícia Civil, a vítima foi localizada com sinais de violência brutal: suas mãos e pés estavam amarrados, e a cabeça, decapitada. Até o momento, não há informações sobre suspeitos ou motivação para o crime, que está sendo investigado pelas autoridades locais.
Santrosa era conhecida na região tanto por seu trabalho artístico quanto por sua atuação política.
Em 2024, foi candidata a vereadora pelo PSDB, obtendo 121 votos válidos e ficando como suplente. Além disso, ela mantinha um canal no YouTube com 4,1 mil inscritos, em que publicava clipes musicais e conteúdos sobre cultura e inclusão social.
Na política, sua defesa centrava-se no incentivo à cultura e na ampliação do acesso a oportunidades culturais para comunidades periféricas de Sinop.
Nas redes sociais, amigos e fãs prestaram homenagens emocionadas. Comentários como “uma perda irreparável” e “tão talentosa, tão cheia de vida e muita alegria. Descanse em paz, minha querida” foram registrados em sua última publicação.
A Associação da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Mato Grosso também se manifestou, em nota, sobre o assassinato. A entidade informou que acionou o Grupo Estadual de Combates aos Crimes de Homofobia (GECCH) e que cobrará das autoridades uma apuração rigorosa para identificar os responsáveis pelo crime. A associação ressaltou a importância de um desfecho rápido e transparente, considerando o histórico de violência enfrentado por pessoas trans no país.
A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) esteve no local e realizou os primeiros exames. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) para a realização de laudos que possam auxiliar na investigação. A Polícia Civil mantém as investigações sob sigilo, mas informou que está empenhada em esclarecer as circunstâncias e as motivações do crime.
Cidade polo bolsonarista
A cidade no interior de Mato Grosso é um dos mais conhecidos polos da extrema-direita no Brasil. Em 2022, por exemplo, o então candidato Jair Bolsonaro (PL) recebeu 76,95% dos votos, enquanto Lula (PT), vencedor do pleito nacional, ficou com apenas 23,05% dos votos válidos no município.
Em um caso que chocou o país, mostrando o lado perverso do aumento da circulação de armas durante o governo Bolsonaro, sete pessoas foram vítimas de uma chacina em um bar de Sinop. Após dois homens apostarem R$ 4 mil em um jogo de sinuca, o derrotado retornou ao local para se vingar de seu algoz e todos no bar, matando inclusive uma adolescente inocente.
Já nas eleições de 2024, a extrema-direita venceu a disputa pela prefeitura contra a direita liberal, enquanto não houve sequer candidatos de centro direita, centro ou esquerda na cidade. Roberto Doner (PL) foi eleito com 68,41% dos votos contra 31,29% de Mirtes da Transterra (Novo).
A esquerda também não ficou com nenhuma das 15 cadeiras na Câmara dos Vereadores. Os partidos com candidatos eleitos foram: PL (3), Republicanos (3), MDB (3), Novo (2), PSDB (2), Solidariedade (1) e Podemos (1).
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