A miséria mental da mulher do presidente da Abril ao falar sobre os nordestinos. Por Nathalí Macedo

Atualizado em 11 de maio de 2016 às 10:33
Cristina e o marido Walter Longo, presidente da Abril: pouco apreço pelos nordestinos
Cristina e o marido Walter Longo, presidente da Abril: pouco apreço pelos nordestinos

Cristina Partel, mulher do presidente da Abril, Walter Longo, deu um show de xenofobia no Twitter:

“O nordeste colocou Dilma no Planalto e agora um nordestino não quer deixá-la sair. Depois diz que somos preconceituosos.”

Ela representa fidedignamente a direita brasileira. Branca, rica e sulista, atribui aos nordestinos tudo aquilo que considera desastroso e lamentável: uma mulher na presidência, pobres nas universidades, negros se expressando, gays representando o povo e nordestinos fazendo a diferença na política.

Ora, a verdade precisa ser dita sem firulas: para essa gente, o Nordeste da pobreza e da miséria apoia governos petistas em razão do suposto assistencialismo de programas como o bolsa família e o ProUni. Nós, os desgraçados que só enfrentam fome e seca, não temos a menor inteligência política e elegemos os petistas porque queremos esmolas.

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O pior, portanto, não é odiar nordestinos porque somos, majoritariamente, esquerdistas. É supor que nosso posicionamento político deriva da miséria que, para ela, ainda prepondera nessa região (e, para variar, o preconceito provém da mais vergonhosa ignorância).

Cristina provavelmente ainda nos enxerga como asnos sem energia elétrica e sem acesso à informação – e por isso reafirma, pateticamente, a dita supremacia sulista.

Para gente como ela, temos uma péssima notícia: o Nordeste não é só seca e miséria. É beleza, cultura, desenvolvimento e muita luta. Nossa inclinação política ao PT e aos partidos de esquerda não poderá ser sanada porque, de fato, não se dá pelo que a direita chama de assistencialismo. Nós pensamos política e fazemos política, e isso simplesmente não pode ser calado.

E nós compreendemos, sobretudo, que quando um partido promove inclusão social, ele nos representa.

Mas a inclusão social incomoda. Incomoda quando um nordestino tem poder de barrar o golpe (embora não o tenha feito); incomoda quando uma nordestina vence um concurso de beleza (como esquecer de Melissa Gurgel, a miss que sofreu ataques xenofóbicos nas redes sociais?); A elite pira quando a senzala aprende a ler, e os xenofóbicos piram quando nordestinos lutam pelo seu país.

Lamento, mas eles continuarão cada vez mais incomodados. Porque além de belas praias, sotaques maravilhosos e artistas memoráveis como Raul Seixas, Gil, Caetano, Tom Zé e Jorge Amado (para citar apenas alguns), nós temos força política.

Sinto muito, Cristina, mas você ainda precisará engolir a seco a sua xenofobia: continuaremos indo às ruas, elegendo nossos representantes e defendendo nossas bandeiras com direito a sotaque arrastado.

Muito axé pra você.