A partir de hoje você vai ver um Brasil paradisíaco na mídia. Um país alegre, risonho, próspero, florescente.
E imaculado, livre de toda corrupção.
É a etapa final do trabalho sujo, e tragicamente bem sucedido, realizado pelas grandes companhias jornalísticas para derrubar Dilma e a democracia.
Os donos escolhem cuidadosamente o que dar e o que não dar em seus jornais, revistas, rádios, telejornais. E isso é claramente transmitido para editores, comentaristas, colunistas.
Desde que o PT ascendeu ao poder, em 2003, a escolha foi clara. Publicar, com imenso destaque, apenas coisas ruins. Inventar e amplificar, se for o caso. E esconder, ignorar boas notícias.
Casos de corrupção, apenas quando se trata dos alvos. Os barões da imprensa sabem como este tema – a corrupção – comove a classe média. Torna-a perfeita para ser manipulada, manobrada e, paradoxalmente, corrompida, cheia de ódio e preconceitos.
Na Copa do Mundo de 2014, isso se viu quando a classe média, nos estádios, gritava histericamente insultos para Dilma. Também se viu copiosamente nas manifestações pelo golpe. Ou nas redes sociais.
A mesma receita da mídia plutocrática foi utilizada, com terrível sucesso, antes. Em 1954, a vítima foi Getúlio Vargas. Em 1964, João Goulart.
A segunda parte, consumado o golpe, é tão óbvia e suja como a primeira. Você transforma o inferno artificial num paraíso ainda mais artificial.
O general Medici, um dos presidentes da ditadura militar, definiu isso magistralmente, num rasgo de sinceridade desconcertante.
O mundo estava em chamas. O Brasil, mais ainda. Mas, notou Medici, você ligava no Jornal Nacional e um universo mágico se abria diante de seus olhos. Só havia coisas boas para noticiar. Éramos felizes, extremamente felizes. De mentirinha.
É o que vai ocorrer outra vez agora. Os mesmos apresentadores da Globo que se esmeraram tanto em caretas nos últimos anos, como William Waack, agora serão só sorrisos.
Claro que o paraíso fabricado não será gratuito. As empresas jornalísticas vão cobrar caro do novo governo essa miragem. Dinheiro público na forma de anúncios e financiamentos do BNDES vai jorrar na Globo, Abril, Folha etc.
Tire o dinheiro público e as empresas de mídia não são, rigorosamente, nada.
Mas haverá, em 2016, uma diferença em relação às vezes anteriores. Em 1954 e em 1964, não havia internet. A voz única e avassaladora era a da imprensa plutocrática.
Agora, nos sites independentes você encontrará a informação de verdade. Com o crescimento da internet, mais e mais pessoas se livrarão da tirania da imprensa oligárguica e primitiva com seus meios anacrônicos como jornais e revistas impressos.
Mesmo a televisão, que se imaginava capaz de resistir por muito tempo à internet, é hoje universalmente considerada como uma mídia em declínio acelerado.
Há, portanto, esperança.
Um sábio do passado, diante de uma batalha ganha pelas forças do mal, proferiu uma frase que se mostrou profética e eternizou. “O vencedor está perdido.”
O mesmo vale agora.
O golpe afinal venceu. Mas o vencedor está perdido.