Se alguém, além de Temer, está se queimando irremediavelmente com a vacância eterna da tal Secretaria da Cultura é a senadora Marta Suplicy.
Ao bandear-se para o PMDB, movida sobretudo a ressentimento e oportunismo, Marta acreditou que o eleitor era um trouxa completo e tinha sofrido um apagão de memória.
Em troca de disputar a prefeitura de São Paulo, ela topou tudo. Defendeu o interino como estadista, fez selfie com o Cunha, o pacote completo. Tentou emplacar a versão de que nunca soube da corrupção no PT e ficou escandalizada quando tomou conhecimento. Foi procurar água limpa e honestidade na gangue peemedebista. Então tá.
Sem noção, apareceu no protesto coxinha de 13 de março e foi, para sua supresa, escorraçada aos gritos de “filha da puta”, “ladra”, “petralha” e outros agrados. Abrigou-se na Fiesp.
E agora isso: Marta é a garota de recados da busca por uma mulher decorativa na cota de um departamento sem poder e sem prestígio.
Ela tentou, de início, Marília Gabriela. Necas.
Em seguida, foi para cima da antropóloga Cláudia Leitão, que publicou no Facebook sua resposta à sondagem: um “sonoro não”.
Eliane Costa, consultora de projetos culturais e coordenadora de curso de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas, falou que não trabalha para “governo golpista”.
Deve ter partido dela a ideia brilhante: “Que tal a Bruna Lombardi?”. “Fiquei agradecida pelo convite, mas não tenho pretensões políticas e estou totalmente envolvida com meus projetos profissionais”, disse Bruna, diretamente de Los Angeles.
Esses, é bom lembrar, são as recusas que se tornaram públicas. Imagine as que não foram reveladas.
Bruna está sendo muito elegante — o oposto, aliás, de Marta, que deu um safanão numa repórter que a abordou no aeroporto de Brasilia.
O cargo é um mico gigantesco, especialmente para quem militar na área cultural. Basta ver quais são os artistas que apoiaram o impeachment — desqualificados no padrão Lobão, Alexandre Frota, Suzana Vieira. Esses, nem o Temer quer.
A dureza, para Marta, é a seguinte: ao ver que não haverá ninguém e o vexame começa a tomar dimensões estratosféricas, vai sobrar para ela. Marta na secretaria. Se os homens mandarem, ela obedece.
Certamente ela vai alegar que estava pensando nisso e que o “presidente Michel” ficou feliz com seu discernimento de que servir o país é mais importante do que as ambições pessoais etc etc.