Que o governo do interino é desastrado e desastroso já se sabe.
Declarações de ministros desmentidas em questão de horas, Cunha indicando líder da Câmara acusado de tentativa de homicídio, cortes no Minha Casa Minha Vida, mentiras sobre o currículo da primeira dama — tudo isso forma o caldo ruinoso da incompetência.
Mas é preciso acrescentar um ingrediente poderoso aí: a mesquinhez. Veja o que ocorreu com José Catalão, garçom do Planalto.
Segundo a Folha, há uma “caça às bruxas”. Catalão, que “servia à Presidência havia quase oito anos”, foi demitido.
Continua a nota: “Tido como um dos funcionários mais queridos entre palacianos, foi demitido pela equipe de Temer sob a ‘acusação’ de ser petista, relataram servidores. Catalão não tem vínculo partidário e se orgulhava de ter servido Temer em várias ocasiões”.
É um símbolo de uma mentalidade que tomou de assalto o Brasil. Me lembro de uma conhecida coxinha feliz por estar na Paulista entre o que chamou de “iguais”.
“Estamos combatendo a barbárie com a civilização”, me disse um dia, arrotando superioridade em sua ignorância e seu ódio.
Eles não querem mais gente como Catalão nos shoppings, nos aeroportos, nos palácios. Serão abatidos por corte de custos e sob a alegação de que, além de tudo, são comunistas ou petralhas.
A nova era chega com o valente José Serra distribuindo pernadas no Itamaraty contra Cuba, Venezuela, El Salvador. Ernesto Samper, secretário geral da Unasul, é um mero “colombiano”. Só não completou com o “de merda”.
Serra, o responsável por enviar o Brasil de volta aos tempos de “gigante bobo” do continente, segundo uma deputada venezuelana. Adeus, Foro de São Paulo!
O que esperar de um governo que manda embora um garçom porque ele é “petista”? Mais: que tipo de sub Eichmann vagabundo executa ordens dessa natureza numa boa? O que esperar do fulano que faz isso? Que tipo de orientação esses chefetes estão recebendo?
“Foi de mesquinharia em mesquinharia, de pequena em pequena coisa, que finalmente as grandes coisas se formaram”, escreveu Foucault.