Onde foram parar as pesquisas?
Na campanha movida contra Dilma pela imprensa, elas foram um elemento vital. Datafolha e Ibope produziam pesquisas em larga quantidade, e elas iam imediatamente dar nas manchetes de jornais, telejornais e o que mais for. Colunistas das grandes empresas jornalísticas — os chamados fâmulos dos patrões — se regozijavam em repercuti-las.
O público mais influenciado por Globo, Folha e congêneres — os analfabetos políticos ou midiotas — babava agarrado aos números.
E eis que elas sumiram.
Por uma razão: interessava à imprensa minar Dilma. E agora interessa proteger Temer.
Conheço de dentro o mundo dos Marinhos e dos Civitas. Suspender pesquisas é uma coisa que os patrões podem combinar com meia dúzia de telefonemas.
É um momento delicado para os golpistas enfrentarem os resultados certamente péssimos para Temer. Senadores podem achar mais conveniente bater em retirada do golpe caso fique claro que os eleitores desprezam Temer e seu governo de corruptos.
Bastam apenas três votos para que o afastamento de Dilma seja revisto e Temer enxotado.
Os barões detestariam isso. Temer representa o livre acesso deles ao dinheiro público. Publicidade federal, financiamentos do BNDES, este tipo de coisa e outras mais.
Lembremos que Temer colocou Maria Sílvia na presidência do BNDES. No passado, cerca de dez anos atrás, ela foi contratada pela Globo para defender que o BNDES socorresse (sempre com recursos do contribuinte) as empresas de mídia, então quebradas.
Se Temer estivesse brilhando, estaríamos engolindo pesquisas sobre pesquisas na imprensa.
O silêncio agora diz o que a ausência de levantamentos esconde.
Nestes dias, a Folha escreveu num editorial que Gilmar Mendes deveria ao menos preservar as aparências.
Lindo isso. Há anos, Gilmar debocha da sociedade — e da civilização — ao se comportar como um torcedor de arquibancada na suprema corte sem que a Folha jamais falasse nada.
Mas agora ela pediu cuidado pelo menos com as aparências. Ela deveria olhar para o espelho e dizer o mesmo a si própria.
A supressão das pesquisas do Datafolha é apenas mais um sinal de que a Folha passou a fazer propaganda política conservadora nos últimos anos — e não jornalismo.