Cunha está medindo suas chances na hora mais, digamos, delicada de sua carreira no crime. Depois de chantagear Dilma e levar a melhor no impeachment, ele faz o mesmo com o cúmplice Michel Temer.
Segundo nota de Andreza Matais e Marcello de Moraes no Estadão, ele deu um recado claro ao ex vice decorativo: se não for salvo, dizem os repórteres, “leva com ele para o fundo do poço 150 deputados federais, um senador e um ministro próximo ao interino.”
Ele negou, como sempre.
Cunha está em regime de fritura. Na terça, o Conselho de Ética da Câmara retoma o julgamento de sua cassação.
Alguns de seus antigos aliados já recomendam abertamente que renuncie. Ele está nas mão da seguidora Tia Eron, uma picareta que sumiu da reunião passada da comissão, provocando seu adiamento.
Na véspera, o Ministério Público pediu a suspensão de seus direitos políticos por 10 anos por improbidade administrativa.
A mulher dele, Cláudia Cruz, se tornou ré em Curitiba. Cunha teria mandado mensagens a integrantes do chamado Centrão afirmando que não pode abrir mão do mandato porque Moro promoveria um “cerco” a ele e a sua família.
Não deixa de ser irônico que o sujeito que tocou, com facilidade, o impeachment agindo em nome de Temer e sua gangue seja, agora, a maior ameaça à estabilidade do interino.
Vai ser difícil tirar Eduardo Cunha do buraco. A Globo o está rifando, a Lava Jato está em seu encalço, Janot pediu sua prisão. Michel Temer, um homem fraco, é refém de várias forças antagônicas e não tem força para dar a elas um rumo.
Está nas mãos de seu pistoleiro de aluguel. Se Cunha abrir o bico, o castelo cai.
Em outros tempos, ele dormiria com os peixes. Como isso não é possível sem dar dor de cabeça, Temer está negociando com o canalha amigo para ele se lascar em silêncio. Resta saber se ele vai topar. O preço nós já estamos pagando.