Lírio Parisotto talvez não saiba, mas teve muita sorte.
Se Luiza Brunet tivesse dado queixa da alegada agressão sofrida em Nova York, ele estaria preso neste momento.
Todo o seu dinheiro não o livraria de enfrentar um inferno jurídico pelas rigorosas leis novaiorquinas.
Veja o que aconteceu em 2011, em Nova York, com o francês Domenique Strauss-Kahn, o DSK. Ele era uma estrela do circuito econômico e político mundial. Presidente do FMI, era visto como o favorito para suceder Sarkozy no comando da França.
DSK estava no aeroporto, pronto para apanhar um avião para Paris, quando a polícia novaiorquina o deteve. Ele fora acusado por uma camareira do hotel em que estava hospedado de atacá-la sexualmente.
Acabou ali sua carreira. Ele foi preso e processado. Teve que sair do FMI e desistiu, por razões óbvias, de concorrer à presidência da França. Seu casamento também naufragou.
Ele só conseguiu se safar, tempos depois, ao assinar um acordo extrajudicial com a camareira. O valor não foi revelado, mas os boatos falaram em 6 milhões de dólares, cerca de 20 milhões de reais.
Por que Luiza Brunet não denunciou o ataque em Nova York?
Eis uma questão fascinante. Uma possibilidade, a mais provável, é que ela estivesse aterrorizada, com quatro costelas quebradas, e quisesse quanto antes estar em sua terra, com sua família e amigos.
Caso ela não fale inglês fluente, é uma operação complicada e intimidadora ir à polícia de Nova York. No Brasil é uma celebridade, reconhecida e paparicada onde esteja. Nos Estados Unidos, é uma a mais na multidão.
Outra possibilidade, mais remota, é que ela não quisesse ver Parisotto preso e metido numa enrascada séria em Nova York. Neste caso, ela teria agido por cálculo, e não por raiva.
Seja como for, Parisotto teve muita sorte em ser denunciado apenas no Brasil.