Esta é mais da série das cartas aos golpistas. Futuramente elas poderão ser reunidas num livro intitulado exatamente assim: Cartas aos Golpistas.
Caro Eduardo Cunha:
O senhor é um patife.
Suas lágrimas na renúncia não foram lágrimas. Foram uma infâmia.
O senhor deve achar a todos nós imbecis para pensar que possamos acreditar em suas palavras imundas.
Quero tratar de um tema específico aqui: seu choro ao falar de sua família. Sua mulher e sua filha são vítimas das perseguições ao senhor por ter desencadeado o impeachment, foi sua afirmação lacrimosa.
Que transferência canalha de responsabilidade.
Sua família é vítima do senhor mesmo e de mais ninguém. Ou o senhor pensou que poderia cometer crimes eternamente sem nenhuma consequência?
A família de um criminoso é sempre vítima de seus crimes. A vergonha, a humilhação que seus familiares têm que suportar por sua causa são um suplício eterno.
Imagine um neto ou neta do senhor daqui a alguns anos. Na escola, a criança sofrerá o estigma avassalador de um avô ladrão. Nas aulas de história contemporânea o nome do avô aparecerá como o de um câncer nacional, como o maior exemplo de corrupção na política brasileira, como um gangster disfarçado de parlamentar, como o destruidor da democracia e de 54 milhões de votos.
Cada vez que a criança mexer na carteira vão dizer que ali está dinheiro nosso, do público, surrupiado pelo avô.
Preso em sua portentosa ganância, o senhor jamais pensou nisso. Em quanto sua família seria afetada pelas suas velhacarias.
E o senhor tem a ousadia de dizer que sua família é vítima dos outros?
O senhor não é apenas um câncer nacional. É, também, um câncer familiar, uma metástase que dizima moralmente toda uma família — a sua.
Montaigne escreveu que a maldade traz, em si, as sementes do próprio castigo. É uma frase que serve para o senhor. O senhor é um homem mau, e está pagando por isso — junto com sua família.
A diferença entre o sábio e o tolo é a seguinte, segundo Epicteto.
Um diz: “Estou com problemas por causa do meu irmão, do meu filho, do meu pai”.
Mas o outro, se alguma vez disser que está com problemas, vai refletir e afirmar: “Por causa de mim mesmo.”
Além de corrupto serial, o senhor é um tremendo dum tolo.
Sinceramente.
Paulo