Um relatório da estatal de energia Cemig aponta irregularidades na construção de uma rede elétrica que corta uma fazenda da família de Aécio Neves.
Os proprietários não pagaram nada. O custo foi avaliado na época em R$ 240 mil. Aécio era governador na época.
Houve, segundo o documento, mudança no traçado da linha de distribuição de Cláudio/Carmópolis, interior de Minas, entre as torres 18 e 22. Foi em 2007.
A obra, diz a Folha, teve que ser realizada por causa de benfeitorias na fazenda em Cláudio ao longo da linha pré-existente. Na época, a Cemig era presidida por Djalma Morais, aliado de Aécio.
A família do senador desembolsou R$ 417 mil à vista para a empresa na terça (26). A assessoria de Aécio declara que ele não reconhece a legalidade da cobrança, mas a efetuou para que não haja “uso político”.
Em outubro de 2014, o DCM esteve na região e contou com exclusividade essa história. O jornalista Joaquim de Carvalho falou com diversas pessoas, inclusive o ex-vereador Israel de Souza, autor da denúncia da obra da Cemig.
Souza tem uma oficina que conserta geladeiras e já prestou serviços para Tancredo Neves e a mulher, dona Risoleta. Destaco um trecho da reportagem de Joaquim:
O aeroporto de Cláudio fica à margem direita da rodovia de acesso à cidade, em frente a um motel. É parte de uma vasta área que pertenceu ao trisavô de Aécio, Domingos da Silva Guimarães, o Mingote, chefe do clã que se uniria à família Toletino.
A partir do aeroporto, seguindo estrada adentro, depara-se com placas como Fazenda Casa Rosa – Dr. Osvaldo Tolentino (tio de Aécio), Fazenda Santa Ignês / Tia Zezé (parente de Aécio), TAN (Tancredo Augusto Neves (tio de Aécio), Fazenda Cachoeira / Cueio do Jacó (primo de Aécio) e Fazenda da Mata / D. Quita (bisavó de Aécio), hoje em poder do próprio ex-governador.
O aeroporto não é o único bem que revela dificuldade ao visitante de saber o que ali é público e o que é privado. Na fazenda da Mata, encontrei a base de uma torre de alta tensão sem a parte de cima.
Israel de Souza me explicou que, há alguns anos, quando Aécio era governador, ele desviou a rede de alta tensão de sua propriedade. No terreno por onde passava a rede, mandou construir um haras. “A cidade ficou um dia sem luz só para fazer esse desvio”, conta.
A rede hoje faz um traçado curioso. Os cabos vêm em linha reta até o início da propriedade de Aécio, desvia para o lado direito e lá na frente, fora do perímetro da fazenda, para o lado esquerdo. “É um zigue-zague que ele fez para desviar da obra”, diz o ex-vereador.