Não tem evento, abertura de Bienal, domingo ou feriado. Golpista não terá descanso.
Neste 7 de setembro mais uma vez um grande número de pessoas se reuniu na Praça da Sé para protestar contra o governo Michel Temer e exigir eleições diretas, um grito cada vez mais presente.
“Antes de mais nada ele não foi eleito. Isso é um golpe para acabar com a Lava Jato, então queremos novas eleições”, disse Emerson, estudante de Veterinária da USP.
O ato saiu da Sé e subiu toda a avenida Brigadeiro Luis Antonio até a Paulista. A expectativa do encontro entre a manifestação e o acampamento da FIESP foi causando certa tensão à medida que a marcha prosseguia. Para espanto de muitos, as barracas não estavam, após quase 200 dias de ocupação da calçada.
A manifestação ocorreu inteiramente sem nenhum tipo de problema. O contingente policial era bem menor e manteve distância. Não coincidentemente, não houve ocorrências.
Mas não deixou de provocar. Ainda antes da concentração, alguns profissionais da imprensa foram abordados na estação Sé do metrô. Um deles, Vinícius Gomes, já havia tido seu equipamento destruído por um policial, agredido (tomou 4 pontos na cabeça) e ainda passou a noite detido na delegacia. É coincidência ter sido enquadrado outra vez?
Outro foi Yan Boechat, jornalista experiente, com passagens em grandes veículos e diversas coberturas em países em guerra. Desrespeitado, teve sua carteira da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) ridicularizada e ameaçado de passar o resto do dia na delegacia.
Sem nenhum motivo. Tudo por um coronel/comandante/capitão seja o que for, que não portava identificação. Com a chegada de vários colegas da imprensa e fotógrafos para acompanhar o autoritarismo, o policial liberou o jornalista mas foi questionado a respeito de da falta de identificação. Ele devolveu, sarcástico: “Entrem em contato lá e peçam para mudar o uniforme da PM.”
O único que estava cometendo uma ilegalidade naquele momento era o policial, mas ele pode, pelo visto.
O protesto fez paradas em frente ao MASP e diante do escritório da Presidência da República antes de seguir até a Praça da República, onde o ato terminou.
“Este governo não tem apoio popular. Só conseguirá governar usando a repressão policial. Mas nós resistiremos, vamos continuar lutando até derrubar este governo. Não reconhecemos Michel Temer como presidente do Brasil. Também não reconhecemos esse Congresso Nacional podre. Exigimos que o povo decida. Fizemos diversas manifestações durante a semana passada e no domingo mostramos para o mundo que não aceitaremos calados. Hoje estamos aqui e não vamos parar. Se pensam que com algumas bombas podem nos calar e fazer-nos baixar a cabeça, estão enganados”, foi entoado por todos em jogral antes de convocar os manifestantes novamente para um novo ato. Amanhã tem mais, no Largo da Batata, às 17:00.
As manifestações em verde e amarelo que culminaram nesse período assombroso que vivenciamos não passaram de meia dúzia ao longo de um ano. Só nos últimos nove dias, a de hoje foi a sétima manifestação exigindo Fora Temer. Quem andava apostando no arrefecimento dos protestos deve rever sua opinião.