O dedo de Alckmin no fracasso nas urnas de seu ex-braço direito Edson Aparecido. Por José Cássio

Atualizado em 5 de outubro de 2016 às 13:19
Alckmin e o ex-braço direito Edson Aparecido
Alckmin e o ex-braço direito Edson Aparecido

 

Tão importante quanto a escolha do prefeito, a eleição dos vereadores nos dá uma amostra do que nos reserva a futura administração municipal.

O destaque neste ano foi Eduardo Suplicy, eleito com mais de 300 mil votos. É o vereador mais votado do país em 2016 e recordista histórico em São Paulo.

O desempenho não chega a surpreender, e por motivos simples.

Numa eleição atípica do ponto de vista conjuntural (os eleitores negaram a política) e financeiro (sem financiamento privado), o petista deu um show. 

Um show de criatividade (mitou nas redes sociais), bom humor e especialmente adesão ao processo político-eleitoral: onde houvesse um movimento de militantes, seja na Paulista aos domingos, ou na surrada periferia, lá estava o velho Suplicy, atencioso, didático, falando com as pessoas.

Se o ex-senador foi o destaque positivo em número de votos, a decepção ficou por conta de um quadro também histórico, este do PSDB. 

Edson Aparecido, ex-secretário da Casa Civil do Governo de São Paulo, acostumado a eleições em nível federal na casa dos 200 mil votos, recebeu irrisórios 21.291, quando todos apostavam que seria o “puxador” de votos da bancada tucama. 

No PSDB a derrota de Aparecido é tratada como tabu, mas algumas interpretações ajudam a explicar o fiasco. 

Primeiro: Aparecido teria trabalhado com lideranças do partido, ex-subprefeitos e quadros técnicos de governo – e estes acabaram não entregando aquilo que prometeram: os votos.

O segundo responde pelo nome de Google, já que ao digitar o nome do candidato no sistema mundial de buscas o que volta é só dor de cabeça.

Aparecido, ex-secretário da Casa Civil de Alckmin, é investigado pelo Ministério Público por suspeita de enriquecimento ilícito por ter adquirido, em 2006, um apartamento de luxo por 30% de seu valor de mercado. O imóvel era de um empreiteiro que tinha contratos com o governo do estado.

Além disso, também teve seu nome envolvido no escândalo das merendas. Um dos beneficiários da propina, Luiz Roberto dos Santos, o “Moita”, era chefe de gabinete dele. De acordo com grampos telefônicos, a articulação das fraudes partiu da Casa Civil, onde Moita atuava.

Um terceiro motivo paira no ar e tem endereço no Palácio dos Bandeirantes: o próprio Alckmin.

O governador que fez o que foi possível para garantir a eleição de João Doria (está inclusive sendo investigado de ter usado a máquina do estado em prol da candidatura) não teria se empenhado da mesma forma pelo ex-braço direito. 

No que se refere ao parlamento, como se nota, PT e PSDB desempenharam papéis invertidos em relação ao que se viu na disputa pelo Executivo. 

Se na corrida para ocupar a cadeira de prefeito localizada no quinto andar do Edifício Anhangabaú, João Doria deixou Fernando Haddad comendo poeira, na Câmara municipal o que se viu foi Suplicy aclamado pelo povo e Edson Aparecido na chuva, sem apoio sequer dos amigos.