Para alguém que se oferecia como “pacificador” e “salvação do mercado”, Temer se revelou um sujeito incapaz de conter a guerra de gangues dentro de seu governo e de chamar duas pessoas para um café.
É o campeão dos sinais trocados. Organiza um banquete para deputados votarem a favor de uma PEC que limita gastos públicos, mas não tem autoridade para reunir o presidente do Senado e a do STF para uma conversa breve.
Carmen Lúcia recusou o encontro que Michel marcou para esta quarta porque não quer encontrar Renan Calheiros. Pode ser que fique para sexta. Pode ser.
É uma nova humilhação para Temer.
Depois do bate boca público, Renan e Carmen estão batendo o pé para garantir que os poderes que representam não sejam aviltados. Como se isso fosse possível depois do golpe.
Ao abrir a sessão do Conselho Nacional de Justiça, CNJ, Carmen disse que “onde um juiz for destratado, eu também sou. Qualquer um de nós, juízes, é”. Pediu “respeito integral”.
É um pouco tarde, depois do papel que o Supremo vem desempenhando e diante de alguém como Gilmar Mendes, que vive enxovalhando a categoria — mas Gilmar pode tudo.
Renan não deixou barato e falou que a ministra fez “exatamente como ele”. “Faltou uma reprimenda ao juiz de primeira instância, que usurpou a competência do Supremo Tribunal Federal”, apontou.
Tivesse o convite partido de alguém com legitimidade, não haveria recusa. Mas vem de um governante fraco.
O caos está instalado. Mônica Bergamo informa que PSDB, PT e outros partidos discutem a possibilidade do bando não sobreviver à delação premiada da Odebrecht, que atingiria Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, Moreira Franco e o ex-interino. E ainda tem um Cunha rindo no horizonte.
É o clássico dead man walking. Alguém que não vale a companhia nem para dividir um pão de queijo. É mais que decorativo. Dispensável é a palavra certa.