Publicado na DW.
Na próxima terça-feira (08/11), os americanos elegem seu novo presidente, após uma das campanhas eleitorais mais controversas e polarizadas das últimas décadas. Grupos étnicos religiosos e demográficos específicos podem ser chave para determinar quem vai chegar à Casa Branca.
Enquanto homens brancos de baixa escolaridade preferem claramente o republicano Donald Trump, o voto feminino deverá ir para a candidata dos democratas, Hillary Clinton. Desta vez, os republicanos não poderão, no entanto, contar com o voto geralmente certo dos cristãos evangélicos, já que muitos estão descontentes com as declarações de Trump. Hillary, por sua vez, terá de se esforçar para levar os eleitores jovens e de raízes latino-americanas às urnas.
Mulheres
Desde o início da campanha eleitoral, as mulheres como grupo de eleitoras são um grande problema para Trump. Nas pesquisas de opinião, os republicanos aparecem bem atrás quanto à preferência feminina. Isso se deve ao próprio Trump: ele insultou as mulheres em entrevistas e pelo Twitter, chamou-as de gordas e feias e fez piadas sobre a menstruação de uma jornalista. Um vídeo, em que ele usa linguagem vulgar para descrever como tateia mulheres, fala por si mesmo. A gravação fez com que Trump se tornasse inelegível para muitas mulheres, incluindo eleitoras republicanas.
No entanto, a candidata democrata não consegue pontuar entre os homens. Entre o eleitorado masculino, Trump aparece à frente nas pesquisas eleitorais.
Classe trabalhadora branca
Homens brancos com pouca escolaridade – essa é a base eleitoral de Donald Trump. Esse grupo é particularmente afetado pelos cortes de postos de trabalho no setor industrial. Por esse motivo, para eles, o slogan de Trump Make America Great Again tem especial importância. A promessa do candidato republicano de trazer de volta empregos da China para os Estados é muito bem-aceita entre esses eleitores, assim como os apelos do magnata contra o livre-comércio e a imigração.
Os eleitores de Trump é o consideram um antipolítico, que fala o que pensa e não se importa com o politicamente correto. Hillary tem poucas chances nesse eleitorado. Para eles, ela representa o odiado establishment em Washington.
Afro-americanos
Tradicionalmente, a população negra americana vota nos democratas. E também neste ano, Hillary pode contar com o apoio dos afro-americanos. É questionável, no entanto, até que ponto ela conseguirá levar esse grupo de eleitores às urnas. Em 2012, a participação eleitoral dos afro-americanos foi de 66%. Destes, 95% votaram no primeiro presidente americano negro, Barack Obama. Hillary, no entanto, não deverá alcançar tais cifras.
Devido a suas declarações racistas, a situação de Trump é bastante ruim entre o eleitorado negro. Segundo uma enquete da emissora NBC, realizada em julho último, o milionário republicano tem a aprovação de somente 6% dos eleitores afro-americanos. Numa pesquisa de opinião no estado de Ohio, 100% dos entrevistados negros disseram ser a favor de Hillary.
Nenhum outro grupo populacional cresce tão rapidamente nos EUA quanto aquele com raízes latino-americanas. Quatro anos atrás, eles votaram majoritariamente em Obama. Os comentários depreciativos de Trump sobre os mexicanos e seus planos de construir um muro na fronteira entre o México e os Estados Unidos podem vir a favorecer Hillary. No entanto, a candidata democrata precisa mobilizar esses potenciais eleitores. Na última eleição presidencial, somente 48% dos latinos votaram.
Cristãos evangélicos
Normalmente, os cristãos evangélicos votam nos republicanos. Nesta eleição, no entanto, a situação pode ser diferente. Pois com suas controversas declarações, Trump pode ter perdido popularidade nesse eleitorado.
Isso não significa, porém, que os evangélicos americanos vão optar por Hillary. Muitas pessoas nesse grupo se recusam a votar na candidata democrata. O mais provável é que esse eleitorado religioso permaneça em casa ou dê, no final, seu voto a Trump.
Jovens
Os americanos nascidos nas décadas de 1980 e 1990 foram a espinha dorsal da campanha eleitoral de Obama em 2012. Também na atual eleição, esse grupo pode ser decisivo. Uma enquete entre os eleitores abaixo de 35 anos mostra Hillary à frente. Mas a candidata não é realmente popular entre os democratas mais jovens. Durante as prévias, eles apoiaram majoritariamente Bernie Sanders, rival de Hillary no Partido Democrata.
Na comparação com Trump, muitos desses jovens veem Hillary como um mal menor. Segundo pesquisa da Universidade Taft, 40% dos apoiadores da candidata democrata declararam não estar completamente convencidos sobre ela. Aqui também tudo vai depender da capacidade da ex-primeira-dama de levar esse grupo de eleitores às urnas.