A miséria brasileira trazida de volta é um insulto. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 4 de dezembro de 2016 às 10:09

miseria brasil

 

A frase não é minha. É do Rappa, uma banda cujo vocalista, Marcelo Falcão, pediu a saída de Dilma Rousseff em um show. Na deixa, a horda mandou uma mulher, mãe, avó e presidenta da República tomar no cu.

Na ocasião era o seu aniversário. O vocalista deve ter se sentido presenteado.

Pois bem, dados do IBGE recém divulgados mostraram que, após anos, o número de brasileiros em condição de miséria voltou a subir. Um contingente de cidadãos que foram beneficiados exclusivamente com as políticas inclusivas promovidas pelo Partido dos Trabalhadores voltou à insultuosa condição de miserável.

Os números são de 2015, ano em que a grande mídia, o Congresso Nacional, todo o poder judiciário e Falcão estiveram particularmente empenhados não só em destruir uma mulher que ousou ocupar o mais alto cargo público desse país, mas todo um projeto de poder que visava tornar essa nação minimamente mais justa.

Seja como for, não existe outra palavra no dicionário brasileiro que defina melhor o resultado de toda essa hipocrisia que “desastroso”. Depois que finalmente caminhamos em direção à justiça social, “optamos” agora por voltarmos ao período colonial, onde a realeza política usufruía as benesses do poder às custas de toda uma massa escrava, ignorante e submissa.

Pergunto agora a Falcão: você realmente considera a miséria um insulto? Porque eu particularmente a considero, tanto quanto as opiniões de todos aqueles que, como você, contribuiram para o desastre político, econômico e social que se estabeleceu a partir do impeachment.

Essa é realmente outra forma de miséria e, como tal, de insulto.