Entre um Executivo golpista, usurpador, vendido e corrupto, um Legislativo presidido por um réu e um Judiciário dominado por marajás que ora abusam da autoridade ora se acovardam – dependendo de quem seja o acusado – a mídia é o pior dos poderes no Brasil.
Executivo, Legislativo e Judiciário só são capazes de cometer seus atentados contra a população e a Constituição impunemente porque a mídia atua como parceira desses crimes.
Se a mídia de fato informasse a população, jamais teríamos eleito esse Congresso, que como prova incontestável de sua condição de miséria elegeu Renan Calheiros e Eduardo Cunha presidentes da casa.
Jamais teríamos permitido que a horda reunida em torno de Temer fosse bem-sucedida na derrubada de uma presidenta eleita e honesta.
Se a mídia de fato informasse a população, Moro seria visto como um juiz de primeira instância, abusador de superpoderes que não tem, apaixonado por si mesmo e pela mídia que lhe corresponde.
O Judiciário como um todo, com suas togas ridículas, datas vênias, salários acima do teto e auxílios pornográficos, já estaria completamente desmoralizado há tempos, caso a mídia cumprisse com o seu papel.
Talvez, apesar da mídia, já esteja, e só assim para um réu receber uma ordem judicial, recusar-se a cumpri-la e no dia seguinte estar absolvido.
Não sem antes é claro levar um puxão de orelhas, como disse a jornalista Eliane Cantanhede na Globo News, em tom maternal, como se o que Renan Calheiros fez fosse uma traquinagem de menino e o STF fosse uma mãe cheia de amor e paciência. Imagino o que ela diria caso os estudantes das escolas ocupadas se recusassem a cumprir uma ordem de reintegração de posse.
São tempos de bufa, pilhéria e chacota. Ou como disse Brecht, de desordem sangrenta, confusão organizada, arbitrariedade consciente e humanidade desumanizada.
Nada deve parecer impossível de mudar. Mas com uma mídia mercenária e calhorda, na mão de herdeiros bilionários a serviço de suas fortunas, é impossível sim.