Temer finalmente se manifestou sobre o massacre em Manaus — e, como era de se esperar, alternou platitudes com bobagens e terceirização de responsabilidades.
Na abertura de uma cúpula sobre segurança pública, fez um curto discurso.
“Eu quero me solidarizar com as famílias que tiveram seus presos vitimados naquele acidente pavoroso que ocorreu no presídio de Manaus. Nossa solidariedade é governamental e tenho certeza que é apadrinhada por todos aqueles nesta reunião”, disse.
“Em Manaus, o presídio era terceirizado e privatizado e, portanto, não houve uma responsabilidade objetiva, clara e definida dos agentes estatais. Mas não basta ficarmos apenas em diagnósticos do que aconteceu ou não aconteceu. É preciso agir e executar”.
A culpa, portanto, é do Amazonas e da empresa que controlava a penitenciária. Os pais, mães, irmãos e filhos dos degolados estão aliviados.
O silêncio de Michel se devia, segundo a imprensa, a uma estratégia de tentar afastar a crise do Planalto, como se isso fosse possível. Uma comentarista da GloboNews explicava essa ideia na quarta, dia 4, com a maior naturalidade, traduzindo um plano genial.
Ou seja, o presidente e a turma que o cerca acharam normal que um assunto que é notícia no mundo inteiro, que virou tema de homilia do papa Francisco, tivesse como porta vozes oficiais um governador metido no imbróglio e um ministro da Justiça famoso por sua falta de noção.
Temer falou porque sua covardia o impede de agir quando não sob pressão. A coragem ou a impetuosidade estão dormindo desde 1940.
Foi assim, por exemplo, que apareceu no velório da Chapecoense, quando respondeu ao estímulo do pai de um jogador, que o mandou tomar vergonha na cara.
Agora: “acidente pavoroso”?? O problema de Temer é que, depois que ele fala, sua turma se lembra de que era melhor ele ter continuado quieto.