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NOSSO NOVO PROJETO DE CROWDFUNDING
O prefeito João Doria trava uma guerra para tentar censurar uma página no Facebook que, de maneira bem humorada, convida pessoas para participarem de uma suposta Virada Cultural na casa dele, no dia 13 de maio.
A página é uma reação ao anúncio que Doria fez, antes mesmo da posse, de que pensava em realizar a Virada Cultural no Autódromo de Interlagos, meio que confinada, tirando-a das ruas da cidade.
Doria perdeu na primeira instância e recorreu, mas não conseguiu tirar a página do ar.
O processo contra o Facebook é apenas um dos fatos sobre João Doria pouco conhecidos do público.
Perto de completar os 100 primeiros dias de governo, a imagem de Doria que se sobressai é a do prefeito que se fantasia de gari para varrer ruas já varridas.
No macacão de gari ajustado por alfaiate, Doria mandou colocar em destaque o logo das empreiteiras contratadas para o serviço de limpeza urbana.
No uniforme do prefeito, a marca das empreiteiras tem o dobro do tamanho dos logos estampados na roupa dos garis de verdade.
Doria conseguiu patrocinadores para ajudar na limpeza da Ponte Estaiada do Morumbi, mas se recusou a dizer que empresas são essas.
Doria fez merchandising em evento e espaço públicos de uma marca de vitamina que gasta milhões em publicidade, inclusive patrocinando a Seleção Brasileira de futebol.
Mas, quando questionado por jornalistas do Valor, se irritou e ameaçou encerrar a entrevista.
No Carnaval, ele foi vaiado e xingado e reagiu chamando um dos manifestantes para a briga.
Funcionários de sua empresa, a Lide, organizam um evento e tentaram vender lugares próximos ao patrão licenciado – entre os empresários, quem não quer estar perto do prefeito, o dono da chave de um cofre de quase 55 bilhões de reais?
Doria viajou para Dubai, para representar os interesses da cidade, levou junto a imprensa, mas quem pagou a conta – pelo menos a dele — é o investidor em busca de oportunidade para seus negócios privados. Na administração de Doria, hoje é difícil separar o que é público do que é privado.
Quem é, afinal, João Doria?
Gestor que não é político?
Mas, filho de deputado federal, ele foi secretário na administração municipal de Mário Covas e presidente da Embratur no governo de José Sarney muito antes de se candidatar a prefeito.
João Trabalhador, homem do povo?
Ele é descendente direto da família Costa Doria, da oligarquia baiana do início da colonização do Brasil, donos de terra e senhores de escravo.
Um homem que se fez na iniciativa privada, não deve nada ao público e quer usar o seu modelo de negócios para ajudar o povo?
Mas seu grupo empresarial sempre recebeu verbas públicas e ele, pessoalmente, tem uma condenação civil por se apropriar de área pública em Campos de Jordão – processo que só acabou há dois meses, depois de quase vinte anos na Justiça, com acusação de que ele se recusava a cumprir a sentença que o obrigava a devolver a área.
Doria, réu em outro processo em Campos de Jordão, este criminal, mas com acesso restrito do público, pagou cerca de R$ 15 mil em cestas básicas e zerou a pendência criminal com a Justiça.
Com muitas perguntas sem respostas, Doria se revelou um fenômeno das urnas, primeiro na história de São Paulo a se eleger em primeiro turno.
Mas, até aqui, a administração dele não tem se mostrado à altura de quem se apresentava como gestor, não político.
Falhou na organização do Carnaval de Rua.
Nas subprefeituras, existem críticas de que acabou o cafezinho e alguns têm que levar de casa até papel higiênico. As ruas e praças do centro continuam lotadas de sem teto.
A fila dos exames da saúde está muito longe de ser zerada, como ele prometeu. E os postos de saúde não apresentam sinais de melhoras.
Mas ele quer distribuir remédios nas farmácias privadas.
João Doria chegou à prefeitura de São Paulo e está sendo cogitado como presidenciável da república sem que se saiba quase nada sobre ele.
É tarefa do jornalismo apresentá-lo ao público.
Salvos episódios isolados, a grande imprensa mostra Doria nas situações em que ele tem domínio pleno – o marketing, vocação que herdou do pai, o criador do Dia dos Namorados no Brasil.
Ao jornalismo independente, portanto, caberá a tarefa de contar quem é Doria e como ele está se saindo na administração da maior cidade da América do Sul.
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