A Operação Carne Fraca da Polícia Federal foi recheada de informações pela metade, generalizações, acusações sem fundamento, sensacionalismo — mas foi excelente para a mídia, especialmente a Globo.
Segundo a coluna de Lauro Jardim, as TVs abertas lucram bastante com o escândalo.
“Somente entre sexta-feira e segunda-feira, JBS e BRF fizeram 48 inserções de anúncios institucionais nas redes de televisão”, diz.
A Globo tem cerca de 40% do share entre essas emissoras.
O ciclo é conhecido e virou moda com a Lava Jato: a polícia vaza a informação de que estará nas ruas, os repórteres noticiam nos plantões, a notícia explode, a cobertura apressada embarca em bobagens como o papelão, os agentes superstars aparecem numa coletiva ao vivo.
Ninguém esclarece nada. Mas, como a audiência está crescendo, dane-se. Isso não é prioridade.
A coisa é tão simbiótica que a Superintendência da PF no Paraná mandou recolher e fazer vídeos que pudessem ser “relevantes” — não para a investigação, mas para os “jornalistas”.
O Marcelo Auler publicou em seu blog o comunicado dos policiais enviado por WhatsApp. Estrago feito, entram as empresas com comerciais para dar explicações aos consumidores.
(Aliás, essa é a hora em que brilham os picaretas dos “gerentes de crise”).
A JBS e BRF estão queimando os tubos para garantir que nunca venderam nada estragado e seus produtos são seguros.
As duas investiram juntas R$ 1,2 bilhão em publicidade no primeiro semestre de 2016, segundo a Exame. Estão aumentando o investimento agora.
O circo montado pela PF, portanto, é lucrativo demais para ser descartado. O estado policialesco em que nos meteram rende pixulecos e fama instantânea para todos os envolvidos. Enquanto for assim, os palhaços continuarão no picadeiro.
Bad news is good news.