Era uma vez um homem escolhido para verificar os erros e os acertos das partes em disputa.
Uma das partes atuava melhor e vencia a contenda, com um resultado indiscutivelmente superior.
Até que a parte derrotada, apoiada por uma multidão barulhenta, cometeu uma ilegalidade e igualou a disputa.
O homem chamado para verificar os erros e os acertos da parte, em vez de invalidar o ato ilegal, legitimou a ação e não escondeu sua vibração com o avanço de um dos lados em contenda.
Você acha que este homem é Sérgio Moro.
Poderia ser.
Mas estou falando do árbitro da final do Campeonato de Futebol do Rio de Janeiro.
Diante dos olhos dele, o zagueiro do Flamengo fez falta em um jogador do Fluminense.
O árbitro não só ignorou a falta como, ao ver que, na sequência, o artilheiro de seu time fez o gol, vibrou.
O vídeo mostra o gesto com a mão.
Este homem não poderia ter sido escolhido para apitar a final do Campeonato.
Assim como Moro não tem condições de julgar Lula, já que se tornou parte no processo.
No caso do futebol, a comissão de arbitragem saiu em defesa do árbitro.
No caso de Moro, a Associação dos Juízes Federais (Ajufe) também cerrou fileiras, participa como assistente em todas as ações em que Moro, direta ou indiretamente, é cobrado por parcialidade.
A Ajufe faz ainda uma campanha de intimidação a quem questiona seu afiliado:
Mexeu com um, mexeu com todos.
A Comissão de Arbitragem da Federação do Rio de Janeiro não chegou a tanto.
Mas um dia, mais tarde — espero que não tão tarde — , quando olharmos com atenção todas as imagens da Lava Jato, veremos, em alguns momentos, a mãozinha de Moro vibrando com o gol ilegal de seu time.
Os dois casos explicam muita coisa.
O futebol é a melhor metáfora da vida.