Sem votos, Temer planeja tirar dos aposentados por decreto. Por Fernando Brito

Atualizado em 29 de maio de 2017 às 8:46
Meirelles e Temer

Publicado no Tijolaço.

POR FERNANDO BRITO

 

Geralda Doca, na edição de hoje de O Globo, revela que, com medo que “a crise política inviabilize a aprovação da reforma da Previdência”  a equipe econômica – que, para os trabalhadores, bem merecia ser chamada dos pesadelos, em lugar da “dos sonhos” como a mídia a trata – planeja medidas que imediatas, por meio de medida provisória, que dispensa votos por algum tempo, ou por projeto de lei, que dependeria de maioria simples, e não dos 3/5  exigidos para reformas constitucionais.

Que medidas?

Segundo a repórter, ” a elevação do tempo mínimo de contribuição na aposentadoria por idade nas áreas urbana e rural, atualmente em 15 anos, e a redução do valor da pensão por morte, que hoje é integral, independentemente do número de dependentes”.

Além de cruel, um remendo de pouca valia para o saneamento das contas da previdência, pois não alteraria a sua maior fonte de desequilíbrio – as aposentadorias do setor público  – nem seriam capazes de fixar idade mínima para que o trabalhador se retire. Pioraria a situação de todos, já que se aboliria o fator 85/95 (soma da idade do segurado e seu tempo de contribuição) hoje em vigor.

Diz a reportagem que as pensões também seriam atingidas:” o benefício cairia pela metade (50%), mais 10% por dependente, no limite de 100%, com fim da reversão de cotas (quando um filho atinge os 21 anos, a parcela dele atualmente é revertida para os demais dependentes)”.

Resta saber se o mercado, que salivava por um massacre generalizado se contentará com a entrega de algumas chacinas localizadas. Ou, para usar a expressão de Fernando Henrique Cardoso, a versão “é o que temos” da reforma previdenciária.