O golpista do golpista: Maia, o meninão de Temer, apunhala o chefe em praça pública. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 7 de julho de 2017 às 12:12
Nero e Epafrodito

Quis o destino que Michel Temer tivesse uma morte política horrível, proporcional a seu nanismo moral, compatível com sua traição à democracia.

Rodrigo Maia, seu fiel escudeiro até ontem, é o golpista do golpista.

A declaração peremptória de Tasso Jereissati na quinta, dia 6, foi combinada com Maia, relata Lauro Jardim no Globo.

O DEM, segundo Lauro, “não quer em momento algum aparecer publicamente como autor de movimentos para derrubar Temer” — como se isso fosse possível.

“Se vier essa delação (de Eduardo Cunha) não sei nem quem vai ser citado, quem não vai ser, mas vai ser um semestre terrível para nós”, disse o tucano. “Está na hora de buscar alguma estabilidade”.

“Se vier um afastamento pela Câmara, ele (Maia) é presidente por seis meses. Se Temer renunciasse já seria diferente, mas, se passar a licença para a denúncia, aí ele é presidente por seis meses e tem condições de fazer, até pelo cargo que possui na Câmara, de juntar os partidos ao redor com um mínimo de estabilidade para o país”.

Caminhamos para a “ingovernabilidade”.

Temer conseguiu ressuscitar o DEM, um partido de nome fantasia, versão mais meia boca do velho PFL, e será trocado por uma miniatura que promete ao “mercado” fazer o que painho não fez.

Em maio, o presidente da Câmara já tinha colocado a cabeça para fora.

Depois dos protestos que resultaram em quebra quebra em Brasília, Maia cobrou que o chefe “repusesse a verdade” com relação à convocação das Forças Armadas.

Assim foi feito.

Na ocasião, lembrei de Nero, o imperador romano que, segundo a tradição, tocou fogo em Roma e tocou harpa enquanto via as labaredas arderem.

O historiador Suetônio conta que ele foi declarado, quando perdeu seu reinado de terror, inimigo público.

Passou a ser perseguido pela guarda pretoriana, que teve a seu lado até virar um pária.

Fugiu de Roma pela Via Salária com seu secretário Epafrodito. Ao ver um soldado romano se aproximando, Epafrodito não titubeou: ao invés de proteger Nero, o apunhalou nas costas.

As últimas palavras de Nero são famosas: “Que grande artista morre comigo”.

Temer vem falando suas últimas palavras, todas de uma boçalidade impressionante, ao longo desses dias (“Crise econômica não existe”, afirmou em seu passeio solitário no G-20 na Alemanha).

Enquanto isso, o Botafogo lhe crava a lâmina com sua “cara de guri pego na punheta”, na imortal definição de Gregório Duvivier.