Janot está disparando uma “flecha no pé”? Por Fernando Brito

Atualizado em 4 de setembro de 2017 às 21:09
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Publicado no Tijolaço.

POR FERNANDO BRITO

Abriu-se uma grave crise na Procuradoria Geral da Justiça, com a declaração pública de Rodrigo Janot de que Joesley Batista deixou de mencionar gravações relevantes no aparelho com que Joesley Batista gravou as conversas comprometedoras que, agora se sabe, tinham sido mencionadas apenas em parte.

“Áudios com conteúdo gravíssimo foram obtidos na quinta-feira. A análise de tal gravação revelou diálogo entre dois colaboradores com referências indevidas à PGR e ao Supremo Tribunal Federal”, disse Janot.

“Tais áudios também contêm indícios, segundo esses dois colaboradores, de conduta em tese criminosa atribuída ao ex-procurador Marcelo Miller, que ao longo de três anos foi auxiliar do gabinete do procurador-geral. Se descumpriu a lei no exercício de suas funções, deverá pagar por isso”, afirmou, na Folha.

Janot admitiu até revogar os benefícios concedidos no acordo que afastou punições aos dirigentes da JBS,  aformando que isso não invalida as provas até agora entregues.  Questão complexa, porque inédita até agora e que tinha acabado de surgir com o pedido do procurador Ivan Marx, que pediu a anulação dos benefícios dados a Delcídio do Amaral pela falsa acusação a Lula.

Há algo de podre neste processo de “delação premiada” que começa sem o conjunto de provas seja oferecido e verificado e onde os poderes do Ministério Público e do juiz são absolutos.

A deformação provocada na sociedade brasileira por este policialismo nos levou a isso: delator não é herói e nem mesmo bandido arrependido, é mercador de pena que negocia leniência ou perdão sem nenhuma preocupação do que isso possa fazer a outros.

Agora, podem escrever, vai se iniciar um movimento para anular toda a delação e as provas colhidas para ela, simplesmente porque os principais alvos são Michel Temer e Aécio Neves.

Com Lula, claro, vale tudo.