Pelo direito de autodeterminação dos povos! Catalunha livre!

Atualizado em 30 de setembro de 2017 às 15:34
Uma luta antiga

PUBLICADO NO FACEBOOK PALMEIRAS ANTIFASCISTA

Difícil entender parte da esquerda brasileira. Não só brasileira como sul-americana, europeia, asiática e por aí vai. Se contradizem como bastiões da política partidária, eleitoreira, farsante e pouco reflexiva. Se opõe ao vínculo cultural, à identidade, ao federalismo, à emancipação. Estão com a cabeça em perspectivas retrógradas de organização social. Lutam contra o imperialismo fomentando impérios, lutam pela democracia fomentando o autoritarismo (encarnado na própria democracia liberal).

A questão da independência da Catalunha é urgente. E não é de 2017 essa informação, é de 1937. Por oito décadas os catalães vêm sofrendo com perseguição, intolerância, desinformação. Por que tanto medo de um Estado independente, identitário, com uma grande chance de autossuficiência e maiores possibilidades de igualdade social? Se ‘não vão durar nem um ano sem a Espanha’, como dizem os críticos, pra que tanto alarde?

O problema é outro. A emancipação da Catalunha é o último prego no caixão do franquismo, que se limitará as fronteiras da Espanha sem o seu principal conglomerado industrial. Filipe XI é herdeiro de Franco. Mariano Rajoy é, mais ainda, herdeiro do ditador. Madrid carrega um ranço intolerante e pouco se discute sobre esse DNA ‘nacionalista’, que, na grande realidade, remete à nacionalidade apenas de uma parcela abastada da população.

A independência catalã ainda abre espaço para outros temores da burguesia. Um Estado independente, autônomo, consumindo tudo que produz, dividindo a renda de forma mais igualitária, arrecadando impostos em prol da sociedade, é realmente um filme de terror para os rentistas. Onde ficará a bolsa de valores da Catalunha? Como as multinacionais vão se instaurar neste novo Estado?

A autonomia do povo catalão se faz a cada dia uma necessidade. Não só para os próprios, mas para o mundo todo. Emancipação e independência não significam segregação. Se organizar de forma comunitária, respeitando sua cultura e suas perspectivas políticas, sociais, morais etc, é pensar o conjunto social de forma contemporânea. É contra-atacar o Estado empresário, o Estado rentista. Vivemos a doença do socialismo para os ricos e capitalismo para os pobres.

A Catalunha pode ser o remédio. Paliativo, com certeza. Mas pode ser um sopro de oxigênio num continente tomado pelo câncer neoliberal, vide a quarta eleição seguida de Angela Merkel (nem um piu sobre a grande e consolidada “democracia alemã”). Viva o federalismo, a Catalunha e a autodeterminação dos povos. Que a luta de Buenaventura Durrutti, Francisco Ascaso, e outros mártires anarquistas da Guerra Civil seja respeitada, e, enfim, consolidada num Estado catalão.