Romarinho não pode ficar de fora: tem virtudes diversas e raras, entre elas a cor
Ladies & Gentlemen:
Primeiro, a boa notícia. O Boss me liberou recursos suficientes para que eu vá assistir à final do mundial em Yokohama.
Imagino que a generosidade tenha nascido da vitória de seu time hoje, e é sobre isso que eu gostaria de falar.
Ao ver o Corinthians, me lembrei de um político de nossa era vitoriana, Benjamin Disraeli. Disraeli foi o primeiro e único premiê judeu da nossa história.
Era um homem extremamente pragmático, e uma vez escreveu como um líder político devia formar sua equipe. Para Disraeli, bastava você mesclar carecas, grisalhos e gordos.
“Os grisalhos denotam experiência”, disse ele. “Os carecas sugerem que, se Deus lhes tirou os cabelos, lhes deu inteligência. E os gordos são garantia de calma em situações tensas.”
Transportemos essa lógica irretocável para o futebol. Um grande time na escola brasileira tem que ter uma maioria negra. As duas maiores equipes da história do futebol brasileiro eram assim: o Santos de Pelé e a seleção que conquistou as copas de 1958 e 1962.
Os jogadores negros são a garantia de arte, de irreverência, de poder atlético, de improvisos sensacionais. Até Chrissie, minha mulher neurastênica e azeda, reconhece isso.
O Almighty – o Boss gosta de me ver chamar seu time assim — que vi hoje tinha o pecado da cor: era um excesso de brancura intolerável. E, consequentemente, de burocracia futebolística. Parecia que eu estava vendo em campo o famigerado United dos anos 1960, aquela imensidão de coxas brancas e mecânicas.
O panorama desanimador só se alterou quando Romarinho entrou. Eis um craque que eu gostaria de ver em meu City. Tem personalidade, tem atitude, tem talento diversificado: faz assistências, ajuda a marcar e finaliza bem.
E mais importante: tem cor também.
Ladies & Gentlemen: Romarinho tem que ser titular do Almighty. Com ele no time, as 500 libras que apostei no time se multiplicarão.
Sincerely.
Scott Moore
Tradução: Erika Kazumi Nakamura
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