PUBLICADO ORIGINALMENTE NO TIJOLAÇO
Não pense que a mais importante autocrítica – mas nem tanto – do dia é de William Waack, na Folha, por sua “tirada” racista que veio a público (e que, com outra pessoa, não tão arrogante e “superior” como ele sempre quis se apresentar, poderia ter terminado com um pedido de desculpas e um “eu não poderia ter feito isso, nem achando que era piada”).
Não, é a da manchete de O Globo, invocando o seu próprio bordão jornalístico, o “Imoral, e daí“.
No Brasil de Sérgio Moro, falar em “juiz sem isenção” só pode ser um “mea culpa”.
Claro, o juiz da reportagem é outro, “proprietário de terras, que forçou sua participação na análise de uma disputa que envolvia seu próprio terreno”. Poderia ser, também, a Ministra Laurita Vaz, do STF, que julgou favoravelmente ação na qual está envolvida como beneficiária da não-incidência de UR sobre o abono-permanência que recebe.
Porém, é possível dizer que existe no Brasil um juiz mais parcial que Sérgio Moro em relação a Lula? Alguém que atingiu notoriedade e se erigiu em herói da direita brasileira porque está se desincumbindo, a ferro, fogo e mídia da missão de “matar” Lula, politicamente?
Ser julgado por um juiz que, mesmo antes de iniciado qualquer processo, tem a convicção de que o acusado é culpado e que ele próprio será “absolvido” por seus pares togados e por toda a mídia mesmo que dê saltos mortais para “provar” sua culpa, como um verdadeiro juiz-militante, o qual nem mesmo os seus admiradores podem dizer, senão da boca para fora, que é imparcial?
Sim, sim, é imoral. E daí?