Edith Casas, Kristen Stewart, Breno, Bento 16… os ganhadores do Troféu: “Puts, foi mal aê”
Últimos minutos do happy hour de final de ano da firma, todo mundo já tocado pelas caipirinhas, vem aquele famigerado cretino que durante o ano inteiro lhe provocou uma gastrite corrosiva, lhe abraça e diz candidamente: “Desculpa qualquer coisa”. Ou seja, por tudo. Ele quer anistia ampla, geral e irrestrita. Você acha o pedido meio abusado – no fundo a vontade é responder “com o perdão da expressão, mas desculpa é o c…” – mas acaba engolindo seco e pensa que pode deixar na coluna das boas ações. Até porque esse “Desculpa qualquer coisa” é meio carne-de-vaca, é dito sempre da boca para fora em demissões e demais encerramentos diversos. É possível que você mesmo já o tenha deixado escapar sem perceber. Afinal, é da boca para fora.
No entanto, não sei se foi a ameaça do apocalipse mas parece que bateu uma crise de remorso mundial em 2012 e resolveram perdoarem-se uns aos outros para ninguém morrer afogado em culpas. Embora não contassem com o fator Mãe Dinah entre os maias, muitos precaviram-se. Alguns exemplos:
. O Papa Bento 16 concedeu indulto a seu mordomo (função culpada por natureza, é a representação perfeita para encabeçar essa lista. Este mordomo foi um divisor de águas na categoria, finalmente purificou a classe);
. O São Paulo Futebol Clube mostrou sua face compreensiva e contratou um jogador ainda na prisão (absolvido antecipadamente pelo clube, Breno é promessa para incendiar o Morumbi);
. O capitão Francesco Schettino pediu desculpas públicas apenas seis meses após causar o acidente que matou 32 passageiros do Costa Concordia (não adiantou, a pronta e italianíssima condenação “Vada a bordo, cazzo!!” já havia levado sua reputação para a companhia das ostras);
. Secretário geral da FIFA, Jérôme Valcke também retratou-se com um pardon todo blasé depois de dizer que o Brasil merecia uma bicuda nos fundilhos (mas já tinha provocado a ira tupiniquim e achou estranho quando lhe mandaram tomar no pescoço);
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. O crepuscular Robert Pattinson foi chifrado mas perdoou a luminosa Kristen Stewart (mesmo com a admissão da gata ao estilo “foi sem querer querendo”, tudo bem, essa até eu perdoaria);
. E fazendo um contra-ponto ao mordomo que abriu a lista ao redimir toda uma categoria profissional, fecho com o caso de Edith Casas. Nada se compara ao poder escusatório da jovem argentina que não só desculpou como pretende casar-se com o assassino da própria irmã (algo inimaginável em todos os sentidos. Se argentino costuma revidar com uma voadora a qualquer chute na canela, essa moça deve ser motivo de vergonha nacional. Especula-se que esteja tramando vingança aos moldes da velha máxima: Acha a penitenciária cruel? Espere ver o casamento.)
E para encerrar com a piada mais sem graça do ano, Millôr Fernandes, que nunca teve de quê se desculpar, morreu. Deixou a pérola: “Há duas coisas que ninguém perdoa: nossas vitórias e nossos fracassos.”
Desculpa aí, já ia esquecendo: Feliz 2013 ou ano 1.