O apresentador José Luiz Datena postou o seguinte em sua conta no Instagram ontem:
“Se o Huck diz que não está saindo do cenário, eu digo que estou apenas entrando”.
Era uma resposta a mais um artigo do também apresentador Luciano Huck que havia sido publicado na Folha de S.Paulo no último domingo.
Mais um de seus textos nos quais afirmou que não será candidato, mas que podemos contar com ele (para o que exatamente, ele não diz), que gosta de gente, que “loucura, loucura, loucura” e assim ele consegue preencher uns 20 parágrafos.
Sem uma linha sequer sobre reformas, previdência, intervenção no Rio de Janeiro. Sem uma palavra sobre o que de fato pensa.
Mas voltemos a Datena. Ele não foi explícito, porém sabe-se que não almeja o Planalto. Seu objetivo – por enquanto – é o Senado. Desde o ano passado que seu nome é sondado para o cargo e com grande aceitação entre os paulistas.
Em dezembro, uma pesquisa do Instituto Paraná apontou que o apresentador tinha 44,3% das intenções de voto. Ficava à frente de Suplicy.
Bem, paulistas votam em Doria, né? Aliás, em 2016 o nome de Datena foi mencionado para o cargo de prefeito pelo PRP.
Curioso é ele alfinetar Luciano Huck sendo que, no começo deste mês, Datena afirmou que não seria candidato a nada, que as especulações não passavam de rumores.
“Não sou candidato a porcaria nenhuma. Sou ligado a um partido (PRP), mas dou minha palavra que não vou concorrer a nada”, declarou ele em seu linguajar próprio.
Na mesma ocasião em que disse “Ninguém da TV tem condição de governar o país. Eu não tenho competência, assim como o Huck também não”.
A postagem de Datena não foi desprovida de intencionalidade em sua nebulosidade. Ao dizer que “está entrando” sem dizer onde nem para o que, cria o ruído que deseja para saber sobre sua aceitação para a vaga de presidente. O período anda favorável para outsiders conservadores da direita.
Uma pesquisa Ibope feita sob encomenda para a equipe de comunicação de Michel Temer neste final de semana demonstrou que 83% dos cariocas aprovam a medida de intervenção do governo federal na segurança do Estado.
Isso é campo fértil para Datena, um estimulador do prende-e-arrebenta aos moldes militares.
Se nunca chegou a defender o linchamento como fez a colega Sheherazade (nunca sei se escrevi certo), no entanto aplaude entusiasticamente as truculências da polícia.
Ele pode ser a opção ideal para aquele eleitor que concorda que bandido bom é bandido morto, mas que acha Bolsonaro despreparado demais.
Alguém da televisão, essa máquina da verdade, da retidão, da compostura e da meritocracia, não o ‘desapontaria’.
Datena tem o jeito valentão e boca-dura que esse tipo de eleitor admira e seria mais capacitado intelectualmente que o deputado fã de torturadores.
Se será ou não candidato a alguma ‘porcaria’ como disse, em breve saberemos. Afinal, ele está só entrando.