Há uma dissonância cognitiva na bravata de Cármen Lúcia proferida em evento da Folha nesta terça, dia 13.
“Eu não lido, eu simplesmente não me submeto a pressão”, declarou a presidente do STF num encontro sobre mulheres no poder.
Uau! Que coragem!
Cármen fora questionada sobre o “lobby” em torno de Lula e da discussão sobre prisão após condenação em segunda instância.
Uma das ações em análise é relacionada a Lula, condenado a 12 anos e 1 mês, em regime inicialmente fechado, pelo TRF-4.
Na sexta-feira, dia 9, ela havia antecipado a pauta de abril do Supremo e o tema não está presente.
Se CL está sendo pressionada por alguém, é pela mídia — não por Sepúlveda Pertence, por exemplo, advogado de Lula que tem audiência marcada com ela.
Cármen já se vergou e está fazendo o combinado: lavar as mãos.
A intimidação acontece todo dia no Jornal Nacional e em convescotes como aquele da Folha a que Cármen compareceu.
Encostada na parece, ela responde solerte que o baile vai seguir adiante.
Em junho, num discurso demagógico, falou que “o clamor por justiça que hoje se ouve em todos os cantos do país não será ignorado em qualquer decisão desta Casa”.
Ora.
Se o Direito serve para alguma coisa, deveria ser para impedir a Justiça de virar refém do linchamento público.
Cármen agasalha a coerção da imprensa e dos manifestoches que pedem a cabeça de Lula. Quando se trata de receber Michel Temer, investigado no STF, em casa, num sábado, tudo bem.
Ela quer ser sair bem na foto com Merval Pereira e virar heroína dos cidadãos de bem do Vem Pra Rua ou do MBL. Os mesmos que se reuniam em torno do pato da FIESP, agora trocado por um sapo.
O bichão já virou campeão de audiência na Paulista, com um monte de manés tirando selfie com ele.
O sapo e Cármen os representam. Ela e o sapo pulam não por boniteza, mas por precisão.