Governo do RS não garante segurança e Lula deixa de ir a Passo Fundo

Atualizado em 23 de março de 2018 às 20:11
Lula, com Dilma, no ato com produtores da agricultura familiar

Esta reportagem faz parte da séria sobre a Caravana de Lula no Sul, financiada pelos leitores através de crowdfunding. As demais estão aqui

No confronto com as milícias de direita que se posicionaram para impedir a entrada do ex-presidente Lula em Passo Fundo, a tropa de choque da Brigada Militar levou a pior. Não conseguiu liberar a rodovia onde os milicianos haviam colocado equipamentos agrícolas. Relatos indicam que os manifestantes anti-Lula chegaram a queimar pneus.

Esta seria a forma de dar a notícia do que aconteceu em Passo Fundo na tarde desta quinta-feira se se acreditasse na versão da Brigada Militar. Mas quem acredita nisso acredita até em Papai Noel. Desde quando a tropa de choque falha em suas operações?

Mudem-se os papéis e se imagine que quem estivesse protestando fosse o MST, com o fechamento de rodovia. Quanto tempo levaria para a tropa de choque liberar a via?

Alguns minutos, meia hora, uma hora? Em situações assim, as forças de segurança agem muito rapidamente.

Diante de um impasse, o secretário de Segurança Pública do Estado, Cezar Schirmer, foi procurado por interlocutores de Lula e disse que não poderia garantir a segurança do ex-presidente. Essa declaração do secretário revela ou a falência das forças de segurança do Rio Grande do Sul, ou a adesão do governo a um grupo de extrema-direita. Um conluio.

Não é próprio de um Estado democrático. Na caravana, além de Lula, esta outra ex-presidente, Dilma Rousseff, e o ex-governador do Estado, Olívio Dutra. Se o Estado não garante a segurança de autoridades como estas, vai garantir de quem?

Em Passo Fundo, a multidão que aguardou Lula num local chamado Esquina Democrática teve que voltar para casa sem vê-lo. Por razões de segurança, Lula foi orientado a não ir.

Nesta caravana, como em outras pelo Brasil, Lula tem o apoio de militantes do MST e da CUT. São numerosos. Também havia a multidão esperando para o ato. Se ele mantivesse a decisão de realizar o ato em  Passo Fundo, não faltaria gente disposta a ir para o confronto, mas a avaliação foi que o melhor a fazer era evitar o que poderia acabar em tragédia.

Lula esperou três horas no estacionamento de uma cooperativa do MST em Pontão, onde tinha realizado um ato. Sem a garantia de segurança do governo do Estado, Lula se deslocou diretamente para São Leopoldo, onde está previsto um ato para a noite de hoje.

Em Passo Fundo, no clima de violência, sobrou para uma jornalista do Zero Hora, Débora Ely, agredida pelos manifestantes anti-Lula.

Segundo o jornal, Débora se aproximou dos manifestantes anti-Lula e, ao se identificar, ouviu os gritos “RBS comunista”. Teve que recuar e os policiais da Brigada, num primeiro momento, a protegeram. Mas depois, inexplicavelmente, um policial a segurou pelos braços e a atirou na direção dos manifestantes. A jornalista foi atingida por uma chuva de ovos.

A RBS, dona do Zero Hora, é afiliada da Globo. Comunista? Só alguém muito ignorante poderia dizer tamanho absurdo.