“Ela era minha única filha”: Pai de jovem morta por neonazistas há 9 anos denuncia impunidade dos assassinos

Atualizado em 24 de abril de 2018 às 15:15
Amadeu Ferreira Junior, pai de Renata Waechter

No dia 20 de abril de 2009, em Curitiba, Renata Waechter Ferreira e Bernardo Dayrell Pedroso foram assassinados ao saírem de um evento que comemorava o aniversário de Adolf Hitler.

O casal fazia parte de uma célula neonazista que atuava na capital paranaense.

O próprio Bernardo foi quem organizou o encontro, que reuniu cerca de 15 pessoas.

“Tido como um ‘intelectual’ dentro do grupo, o rapaz era contrário às agressões praticadas contra gays e travestis. Para ele, esse tipo de ataque depunha contra o grupo e complicava a aceitação do movimento pela sociedade”, segundo reportagem do Globo.

Para garantir o controle do movimento na cidade, decidiram eliminá-lo junto à namorada, Renata.

Dos seis acusados apenas o mandante do crime, Ricardo Barollo, foi preso por 30 dias.

O DCM recebeu um depoimento do pai de Renata, Amadeu Ferreira Junior, que reproduzimos abaixo:

A impunidade foi um prêmio para os assassinos enquanto nós, que perdemos nossa filha, pagamos a pena por esta perda.

Já se passaram nove anos e eles ainda não foram a júri de primeira instância, pois estão usando brechas na lei para atrasar o processo a qualquer custo.

Os skinheads neonazistas envolvidos no assassinato do casal

Os neonazistas que planejaram o crime hediondo montaram uma quadrilha. Ricardo Barollo, o mandante, de São Paulo; Jairo Maciel Fischer, de Teutônia- RS; Rodrigo Mota, de Curitiba; Gustavo Wendler, de Curitiba; Rosana Almeida, de Curitiba e João Guilherme Correa, de Pato Branco estão em suas casas com seus pais, vivendo momentos agradáveis em dias comemorativos.

Que justiça é esta, em que nada pode ser feito contra eles?

A Renata era minha única filha, estudante de Arquitetura na PUC-PR. Bernardo era estudante de Direito em Belo Horizonte. Nunca suspeitamos de nada sobre essa maldita ideologia.

Não mereciam morrer, ninguém tem o direito de matar a sangue frio por isso ou qualquer motivo.

A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná concedeu habeas corpus aos criminosos e eles estão livres apesar de todas as provas. Como concedem tal prêmio a assassinos?

Agora seus advogados estão fazendo de tudo para deixá-los soltos, emperrando o processo. Criaram vários recursos até chegarem à última instância no Supremo Tribunal Federal.

Venho solicitar atenção a este caso, para que a justiça seja feita e todos os assassinos sejam presos.

Perdemos nossa única filha, o rumo de nossas vidas. Não quero que outros pais passem pelo que estou passando, vendo a impunidade e a arrogância dos homicidas.

Não somos merecedores de tamanha dor. Mais uma vez peço apenas por justiça.

Na verdade, peço socorro! Não sei mais a quem recorrer para que seja feita justiça.

Bernardo Dayrell e Renata Waechter