Uma nota publicada hoje em O Estado de Minas mostra que o grupo de Aécio Neves continua com seus tentáculos nos órgãos de imprensa. Detona Nílton Monteiro, o antigo operador de esquemas políticos no Estado, e William dos Santos, advogado que preside a Comissão de Direitos Humanos da OAB no Estado e denunciou, na semana passada, que o delegado Rodrigo Bossi de Pinho tem recebido ameaça de morte. Rodrigo, chefe do Departamento de Investigação sobre Fraudes, está à frente do inquérito que apura um mega esquema que abafou as denúncias de corrupção nos governos de Aécio Neves e Antonio Anastasia. A nota, publicada na coluna de Baptista Chagas de Almeida, registra:
“Ele foi demitido, mas recebia da Assembleia Legislativa (ALMG) R$ 7.377,53 quando estava lotado na liderança do Governo. Trata-se do advogado William dos Santos. Só para lembrar, ele foi o advogado de Nílton Antônio Monteiro, um antigo conhecido das delegacias de estelionato e autor da famosa e falsa Lista de Furnas. Talvez fosse necessário avisar aos deputados Durval Ângelo e Rogério Correia. Ele tinha ainda na gaveta o mesmo expediente, só que contra o PT. Afinal, o apelido dele na denúncia do Ministério Público fala por si. Era Niltinho 171”.
Há pelo menos uma mentira comprovada nesta nota: a Lista de Furnas é autêntica, conforme perícia realizada pela Polícia Federal. Alguns anos atrás, quando Aécio se apresentava como o estadista que consertaria o Brasil, esse mesmo tipo de nota era plantada na imprensa de Minas e também na imprensa nacional, como Veja e IstoÉ. Colou durante certo tempo, e criou um ambiente propício a que o dono de um site mineiro crítico a Aécio fosse preso, em 2014, mesmo sem condenação, e manteve a mão da justiça longe de criminosos que assaltavam os cofres públicos.
Eles voltaram, no momento em que o delegado Rodrigo Bossi avança na investigação sobre o esquema, que envolve delegados, promotores, juízes e até desembargadores. Ele já fechou o acordo de delação com Marcos Valério, operador dos mensalões mineiros e de Brasília (do PT e do PSDB). E também com Nílton Monteiro, que já tinha delatado os esquemas por trás da lista de Furnas e do mensalão mineiro.
Ao mesmo tempo, o deputado João Leite, candidato de Aécio Neves que perdeu as eleições para prefeitura em 2016, realizou uma audiência com peritos de Minas Gerais em que defendeu o afastamento do delegado Rodrigo Bossi de Pinho da investigação. Ele acusa o delegado de fazer o que a perícia da Polícia Federal indicou que se fazia na época de Aécio e Anastasia: forjar laudos.
João Leite não tem isenção mínima para fazer esse tipo de acusação ou cobrar o afastamento do delegado, já que ele aparece em quatro listas de doações clandestinas de recursos para suas campanhas eleitorais, incluindo a de Furnas, todas elas investigadas pelo delegado que ele quer longe da investigação.
Atender João Leite seria o mesmo que afastar os procuradores da investigação que registrou o primo de Aécio, a mando deste, buscar malas de dinheiro na JBS. Não dá.
Tanto a nota plantada no jornal quanto a ofensiva de João Leite se encaixam no método de operação do grupo que mandou no Estado e ainda demonstra focos de poder. Da outra vez, deu certo.
Agora, tem tudo para fracassar.
Com a derrubada da cortina de ferro que protegeu Aécio, a população de Minas e do Brasil já sabe onde estão os bandidos da política mineira, a quem servem e como agem. É farsa.
E quem está por trás dessa farsa? O beneficiário maior é Aécio, o mesmo que, em grampo da Polícia Federal, apareceu ordenando a um deputado federal do PT (os tentáculos de Aécio em Minas são pluripartidários), Gabriel Guimarães, que se movimentasse para fazer o governador Fernando Pimentel, também do PT, calar Rogério Correia, o parlamentar do PT que faz uma fiscalização implacável de Aécio desde o tempo em que a bancada petista era minúscula na Assembleia.
Logo depois, Aécio se desgraçou de vez. Rogério continuou na ofensiva. E Aécio sobrevive, não tão forte, mas com um poder maior do que se poderia imaginar para quem foi flagrado traficando influência e malas de dinheiro sujo, com alguns deputados e delegados firmes a seu lado.