Por que à mídia interessa que a Petrobras se dê bem para a população se dar mal. Por Tânia Santiago

Atualizado em 26 de maio de 2018 às 8:28
Miriam Leitão e Pedro Parente, presidente da Petrobras

POR TÂNIA SANTIAGO

Após sete anos de enfrentamento contra o capital estrangeiro, liderados pelas empresas americanas que afirmavam que os brasileiros não possuíam know how para a exploração do petróleo, Getúlio Vargas fundou, em 1953, A Petróleo Brasileiro S.A – Petrobras.

A empresa foi constituída por capital misto, composto por 51% do Estado e 49% de acionistas privados. Com isso, o governo sinalizava que o lucro não deveria ser apenas econômico, mas também social.

Desse modo, desde o início a preocupação de Vargas ao criar a Petrobras era de manter, pelo menos uma parte, os dividendos criados pela exploração do petróleo, aqui no Brasil. 

Esses dividendos poderiam ser reinvestidos em setores estratégicos ou carentes.

Vargas demonstrava saber que os interesses privados não convivem racionalmente com o restante da sociedade. E, caso não sejam domesticados, tendem a privilegiar somente o lucro. 

Desde a sua fundação a Petrobras sofre com a pressão exercida, por um lado, pelos acionistas e, do outro lado, pela população brasileira, que deseja combustível a preço acessível.  

Contudo, os acionistas não são apenas trabalhadores que juntaram os seus fundos de garantia e investiram na Bolsa, para melhorarem a sua aposentadoria.

São formados também pelo grande capital que, dentre outras coisas, tem influência econômica sobre os conglomerados midiáticos. 

Essa influência se dá, por exemplo, através de compras de horários comerciais ou por possuírem fatias acionárias dessas empresas.

Quando um Governo de origem popular e progressista desprivilegia o lucro econômico em detrimento do lucro social, a mídia começa a acusar a Petrobras de não lucrar tudo o que poderia lucrar.

Esse tipo de notícia era muito comum até o impeachment de Dilma Rousseff.  

Após o golpe, e com a chegada do administrador Pedro Parente, escolhido pelo mercado, leia-se grandes acionistas, para dirigir a Petrobras, a empresa voltou a ser noticiada de forma positiva.

Chegou a retomar o posto de empresa mais valiosa do país na Bolsa de Valores de São Paulo. Contudo, os resultados sociais se revelaram negativos, vide o atual cenário de crise, instalado pela recente greve dos caminhoneiros.

O que fica claro com a greve dos caminhoneiros é a importância da equidade entre o lucro social e o lucro econômico da Petrobras para o Brasil e para os brasileiros.  

A sociedade civil deixa claro que a empresa pode fazer mais pela população, uma vez que o maior acionista é justamente o governo. 

O que se pede não é combustível de graça, e sim a preço acessível. Porque se atualmente a Petrobras vai bem, o povo vai mal.