Se adiantasse alguma coisa para quem parece disposto a urrar, não a pensar, seria boa a leitura da Folha de hoje aos defensores de uma intervenção militar como forma de “restaurar a moralidade” em nosso país.
Afinal, podem não acreditar nos que viveram aqueles tempos mas, canino que é seu comportamento, hão de dar crédito a documentos estrangeiros.
Não abriram o bico com os papéis do Departamento de Estado norte-americano que revelavam os assessinatos políticos e não vão abrir com a descoberta de papéis mantidos até agora em segredo pelo Reino Unido falando em corrupção justamente numa atividade militar: a contratação da construção de fragatas para a Marinha brasileira.
Coisa tão “cabeluda” que o governo militar brasileiro não quis receber 500 mil libras ( R$ 15 milhões, em dinheiro de hoje) oferecidos espontaneamente pelo governo de Londres como ressarcimento ao sobrepreço verificado na aquisição dos navios.
Não importa que todo mundo saiba que fortunas – e mais civis, até, que militares – se fizeram sob a ditadura, nem que tenha sido sob ela que se deterioraram as condições de segurança pública. É preciso “lembrar de um passado que não existe” para tornar atraente o caminho da insensatez.