Uma leitora do DCM passou por maus bocados em Portugal.
Teve a mala roubada e, quando foi pedir informações no aeroporto sobre como proceder, foi revistada de maneira humilhante.
Ela prefere ficar anônima. Seu relato é didático para entender o lugar que os brasileiros ocupam na terrinha no pós golpe.
Os brasileiros são maltratados em Lisboa. Na volta, no aeroporto, exigiram que eu tirasse a roupa em público.
Tudo porque eu apenas perguntei como fazer para resgatar minha mala grande, que tinha sido roubada.
O pior é que a dor da humilhação não passa. Às vezes eu penso que se trata de um filme de terror.
Eu tive que pagar outra passagem por culpa exclusiva da TAP. Tenho testemunha de outros passageiros que também perderam o avião, inclusive uma paulista que precisou de atendimento médico.
Fiquei de sutiã, tomei empurrão, fui ameaçada de prisão, por uma simples pergunta.
A policial tirou da minha bolsa todos os remédios que tomo, até o da pressão arterial.
Ela me fez tirar minha blusa, ficar de braços abertos, me empurrou, me tratou como uma criminosa.
Seis da tarde e eu seminua no aeroporto cheio, todos me olhando e eu chorando.
Você não imagina o quanto os portugueses nos desprezam. Compreendi isso no dia a dia ao ir à padaria, ao supermercado, no metrô.
Portugal nunca mais.
Não briguei com eles no aeroporto, mas me arrependo disso. Estava fragilizada. Na mala estavam meus documentos, meu computador etc.
Eu estava sozinha, sem um euro na mão, sem sinal no celular. Tive de ir à polícia para ligar para meu filho me buscar.
Meu irmão acha que a policial estava com raiva dos brasileiros e descontou em mim.
Nós estamos desmoralizados. A prisão do Lula, o caso do assédio dos coxinhas na Rússia, tudo isso contribui para o clima.
Todos os motoristas de Uber que peguei sabiam da prisão de Lula e compreendiam como ela se deu.
O único lugar em que fui muito bem tratada foi no El Corte Inglés, que é de espanhóis.
Foi a quarta vez que fui a Portugal. A primeira tem 30 anos.
Portugal era atrasadíssimo, mas nos tratava melhor. Com a derrocada do Brasil, coxinhas começaram a aparecer lá. Eles barbarizam. São esnobes e mal educados.
Encontrei uma senhora que está se virando como manicure. Eleitora de Aécio e contra o Bolsa Família.
Está lá há um ano e meio e ainda tem ódio mortal do Lula. Ela fez minhas unhas.
Brasileiro lá é cidadão de segunda categoria, como angolanos, e é assim que devemos ficar por um longo tempo.