A fila andou para os casos de irregularidades envolvendo auxiliares do prefeito de São Paulo, Bruno Covas.
Se na semana passada a notícia era sobre Mário Welber, inocentado – mesmo sem ter convencido a Justiça, como a própria reconheceu – após ser preso no aeroporto de Congonhas com cheques de campanha em nome de Bruno e mais de R$ 100 mil em dinheiro vivo, agora é a vez do Chefe da Casa Civil da prefeitura, Eduardo Tuma.
Tuma teve a quebra de seu sigilo fiscal e bancário determinada pela 14ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo. Está sendo investigado por enriquecer de forma ilícita.
De acordo com o Ministério Público, em 2012 o seu patrimônio estava estimado em R$ 89 mil. Em 2016 já equivalia a R$ 2 milhões.
Eduardo Tuma, também vereador em São Paulo pelo PSDB, utilizou como justificativa para o aumento exagerado empréstimos tomados junto ao seu pai, Renato Tuma – Renato chefiou a pasta da Administração na gestão de Celso Pitta.
Na eleição para vereador em 2016, na qual foi reeleito, disse que os R$ 673 mil utilizados na sua campanha eram recursos próprios.
Bem estranho, se considerarmos que a soma de tudo o que recebeu em quatro anos como vereador não passa de R$ 576 mil. A promotoria fez esse cálculo. A conta não fecha.
O número 1 de Bruno Covas também é acusado de ter feito movimentações em sua conta-corrente, segundo o Conselho de Controle de Atividades Econômicas (Coaf), não compatíveis com seu patrimônio. Boa parte em depósitos sem origem identificada.
Essa é a parte visível e atual dos rolos em que Eduardo Tuma está metido.
Em 2014, assim que tomou posse no seu primeiro mandato na câmara de vereadores, logo se envolveu com um assunto polêmico numa cidade pirata como São Paulo: os alvarás de licenciamento comerciais.
Insinuante, jovem, membro de uma família de tradicionais comerciantes da região do Brás, ganhou a presidência da CPI dos Alvarás na câmara.
Não demorou para ter seu nome envolvido num escândalo de grandes proporções. Um esquema de extorsão de comerciantes, conhecido nos legislativos pelo jargão “criar dificuldade para vender facilidade”.
As extorsões funcionavam com homens entrando nos estabelecimentos, identificando-se como fiscais da CPI e dizendo que o local apresentava irregularidades.
Em seguida, chantageavam os proprietários dizendo que se eles pagassem o “problema” estaria resolvido.
Um dos homens era Antônio Albertino Pedace, assessor de gabinete e homem de confiança de Eduardo Tuma.
Sabe aquele quadro do repórter invisível do Fantástico? Foi nele que Pedace caiu. Como um patinho, foi filmado pedindo propina em nome de Eduardo Tuma dentro do prédio da câmara municipal.
Não precisa ser Bidu para saber que o atual número 1 de Bruno escamoteou. Afirmou desconhecer as extorsões. Afastou o pobre do amigo. E como é tucano, ganha um pão de queijo na padaria Palma de Ouro aquele que adivinhar o final da história.
Seria muita coincidência, se não fosse trágico, um parlamentar jovem, sem outra atividade profissional remunerada conhecida, aumentar de forma tão esplendorosa o seu patrimônio a ponto de chamar a atenção das autoridades.
É o caso de perguntar: como no caso de Mário Welber, Bruno Covas também não sabia de nada?
Sim, provavelmente sabia, como devia saber da história do achaque – até a velhinha de Taubaté estava de frente à TV naquele dia em que o Fantástico mostrou Antônio Padace pedindo propina em nome do atual Chefe da Casa Civil.
Bruno Covas e Eduardo Tuma são tucanos e ostentam sobrenomes tradicionais no RG.
Na mão de ambos passam as negociações políticas, financeiras e os destinos da principal cidade da América Latina.
São jovens, de pouquíssima ou quase nenhuma experiência profissional fora das benesses do poder – o próprio Bruno reconheceu na sua primeira entrevista como prefeito que a ansiedade que sentia era a mesma de uma criança prestes a embarcar à Disney.
Que bom que a Justiça botou os olhos em Tuma.
Sinal de que as coisas podem estar mudando de verdade no país. Sinal de que pode estar finalmente chegando o dia em que os tucanos não vão mais poder tudo. Afinal, brincadeiras envolvendo Patetas e Michey têm limite. São Paulo não é parque de diversões.