Consultor e ex-colunista da Veja descobre os culpados pela quebra da Abril: os jornalistas e o “socialismo”. Sério

Atualizado em 22 de agosto de 2018 às 23:40
Kanitz

De toda a bobajada escrita sobre a debacle da Editora Abril — e não foi pouca, incluindo funcionários demitidos cobrindo de elogios piegas uma empresa que vai lhes dar calote na rescisão –, Stephen Kanitz bateu um recorde.

Consultor e conferencista, Kanitz descobriu os culpados pela draga: os jornalistas. E o comunismo, claro.

Ele publicou essa tese estúpida em sua conta no Facebook. Noves fora os erros factuais, tem toda pinta de paródia de um “artigo” de Kim Kataguiri, mas não é.

Kanitz é ex-colunista da Veja e da Exame, aliás. Isso explica muita coisa sobre o fim da Abril.

A razão do fracasso de editoras e jornais é o mais fácil de se diagnosticar de todos os setores da economia.

99% das vezes a culpa é dos jornalistas, que se distanciam lentamente de seus leitores.

Na Era do Conhecimento jornais e jornalistas deveriam ganhar fortunas.

Newsletters especializadas cobram US$ 1.000 por duas páginas, sem anúncios.

Nosso jornalismo acrescenta tão pouco valor, que editoras precisam vender anúncios para compensar.

Matt Ridley, jornalista de Ciência do Economist é milionário [Ridley ficou apenas três anos na Economist, entre 1984 e 1987. Hoje é um escritor best seller e palestrante].

Mas a Veja e a Exame por exemplo sequer possuíam a seção Ciência.

Abril começou bem administrada.

Joao Bôsco Lodi, nosso Peter Drucker da época, era conselheiro, o diretor financeiro era meu colega de Harvard Business, o superintendente Ronald Degen era do Imede.

Mas lentamente todos eles foram trocados por jornalistas no conselho, que assumiram o poder da família Civita.

Foi o início do aparelhamento do Brasil.

A Exame caiu na mão do Pt, Ruy (sic) Falcão era seu secretário, depois substituído por Sidney Basile, militante do Partido Comunista.

O objetivo da esquerda era impedir a disseminação das modernas técnicas administrativas que favoreceriam o capitalismo.

Tanto é que até hoje ela é quinzenal, quando a Business Week foi semanal desde 1929.

O ironia (sic) disso tudo é que hoje somente esquerdistas leem a Veja, a Folha, e outros jornais, e assim são justamente eles os mais desinformados do momento.

É muito triste essa miopia da Esquerda intelectual em ativamente boicotar a ciência da administração por que acham que ela fortalece o capitalismo.

A ciência da administração, como toda ciência exata, é apartidária.

É essa birra e boicote a administradores profissionais, que condenaram todas as experiências socialistas até agora a um redondo fracasso, inclusive o Brasil.

Socialismo foi sempre mal administrado, e sempre será.