A sabatina do Jornal Nacional com Ciro Gomes mostrou que a Globo tem candidato: William Bonner.
Agressivo, interrompendo o interlocutor o tempo inteiro, Bonner quis mostrar serviço sobre temas que decorou.
O âncora do JN aproveitará essas entrevistas para mostrar que não é apenas uma talking head, um Cid Moreira de banho tomado.
Ele tem “conteúdo”.
Citou um amplo, universal, incondicional apoio dos brasileiros à Lava Jato para constranger Ciro com relação a declarações pretéritas sobre Lula e sobre “colocar o MP numa caixinha”.
Ciro se saiu bem (“Lula não é um satanás como certos setores da imprensa pintam, nem um Deus como setores do PT pensam”), mas esqueceu de confrontar o apresentador com uma obviedade: se a Lava Jato é essa unanimidade, como é que o ex-presidente aparece na liderança isolada em todas as pesquisas?
Uma coisa é apertar o postulante à Presidência, outra é partir para um ataque em que o sujeito não consegue falar.
É um formato de interrogatório-paredão em que não se discutem propostas. Vinte e sete minutos de muito barulho por nada.
Em 2014, o ‘duelo’ entre Bonner e Dilma Rousseff teve 21 interrupções em 15 minutos.
Na ocasião, Bonner foi ao Twitter para dar uma espécie de satisfação: “Jornalista que não é incisivo com o entrevistado vira assessor de imprensa”.
Incisividade não é isso, jovem.
WB e sua partner são, sim, assessores — da República de Curitiba, da agenda de sua emissora e de si mesmos.