PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 14/09/2018, E REPUBLICADO AGORA, EM RAZÃO DA NOVA PESQUISA CNT/MDA, QUE MOSTRA HADDAD CONSOLIDADO EM SEGUNDO LUGAR, FORA DA MARGEM DE ERRO.
O programa de Haddad no horário eleitoral ontem resume muito bem o caráter plebiscitário desta eleição. Haverá muitos nomes na urna, mas fundamentalmente o eleitor será convidado a votar sim ou não em relação ao que se fez com Lula e o PT.
Quem acha que o processo político-judicial-midiático que resultou na derrubada de Dilma Rousseff e na posterior condenação e prisão de Lula é legítimo votará em qualquer candidato, exceto Haddad.
Quem acha que houve violência institucional para retirar da disputa não Lula em si, mas um projeto de Brasil, votará em Haddad como candidato de Lula.
Ciro Gomes terá votação expressiva, mas ele não capturou o espírito que paira sobre esta eleição, o caráter plebiscitário da consulta.
Apresenta-se com sua experiência, e ela é importante, mas não está acima da ideia de que Lula foi perseguido não por erros, mas pelo acerto de inverter a tradição de governo no Brasil.
O pobre entrou efetivamente no orçamento público e o Brasil buscou se colocar de outra maneira no cenário mundial, no contexto da geopolítica.
Aproximou-se da África e deslocou o eixo de poder para nações que não estão no G7, mas que têm uma economia ascendente, caso da Índia, China, Rússia e África do Sul, o Brics.
Como consequência de uma política de desenvolvimento com protagonismo do capital nacional — diferente, por exemplo, do que fez Fernando Henrique Cardoso, de desenvolvimento com capital estrangeiro —, a Petrobras encontrou o pré-sal.
É o modelo de desenvolvimento nacional que estará em jogo. Ciro é alinhado a este modelo, participou dele como ministro de Lula, mas não tem o principal: a recomendação de voto feita pelo ex-presidente.
Não tem, portanto, base política e social efetiva, não está conectado às raízes do Brasil.
É uma situação oposta à de Haddad, cuja candidatura brota num terreno já semeado e que deu frutos, como mostrou a propaganda televisiva.
Com uma voz que lembrava a de Lula, foi lida a carta em que Lula disse:
“Meus amigos e minhas amigas, vocês já devem saber que proibiram a minha candidatura. Proibiram o povo brasileiro de votar livremente.
Há um corte para uma fala original de Lula:
“A razão da minha vida é lutar”.
E segue a locução:
“Nunca aceitei a injustiça nem vou aceitar”.
“A perseguição tirou a minha companheira Marisa. Mas, mesmo assim, não desisti.”
“Se querem calar a nossa voz, estão muito enganados. Continuamos vivos no coração e na memória do povo.”
“E o nosso nome agora é Fernando Haddad”.
“Eu quero pedir, de coração, a todos que votariam em mim, que votem no Haddad para presidente”
“Já somos milhões de Lula e, de hoje em diante, Haddad será Lula para milhões de brasileiros”.
Haddad surge, então, para dizer:
“Nós recebemos todos uma missão do presidente. Não é hora de voltar para casas de cabeça baixa. É hora de sair para a rua de cabeça erguida e ganhar essa eleição. Nós vamos ganhar esta eleição. Viva a democracia! Lula Livre! Viva o povo brasileiro!”.
Ciro sempre teve uma assessoria ruim, quase indigente, especialmente a de comunicação, mas mesmo que tivesse ao lado o maior marqueteiro do mundo não poderia vencer uma mensagem como esta.
O segundo turno da eleição será entre Haddad, que é Lula, e Jair Bolsonaro, que encarna a oposição ao ex-presidente com a mensagem do governo militar, de base real.
Os demais candidatos são apenas penduricalhos que não param de pé por lhes faltar conteúdo político verdadeiro.