Sheherazade foi amarrada ao poste pelos linchadores que alimentou. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 10 de agosto de 2019 às 19:42
Sheherazade

Rachel Sheherazade está sendo atacada pelos monstros que criou e cultivou com carinho ao longo dos últimos cinco anos (pelo menos).

Ela, que defendeu o linchamento de um rapaz negro no SBT Brasil, marco da barbárie jornalística, entrou na campanha contra Jair Bolsonaro com a hashtag “ele não”.

“Sou mulher. Crio dois filhos sozinha. Fui criada por minha mãe e minha avó. Não. Não somos criminosas. Somos HEROÍNAS!”, escreveu.

A referência era a declaração do general Mourão, vice de Bolsonaro, segundo o qual casa só com “mãe e avó” em áreas pobres é “fábrica de desajustados”.

“Isso. Apoie a esquerda que te massacrou”, rebateu um bolsomion.

“Isso não é um apoio aos comunistas. É um repúdio aos fascistas!”, devolveu Rachel.

Para um outro, questionou se o sujeito queria “esse clima de ódio” para o país. Essa é de chorar.

Sheherazade está emulando seu ídolo Reinaldo Azevedo, que criou legiões de imbecis nas costas de Lula, Dilma e o petismo, orgulhoso sabe Deus por quê de inventar o termo “petralha”, até ser pego pela Lava Jato num grampo com Andrea Neves.

Virou um conservador sensato, antibolsonarista. Por enquanto.

Sheherazade apoiou Bolsonaro no episódio Maria do Rosário. Chamou feministas de “feminazis”.

Move-se por interesses que ainda não estão claros. Vão aparecer.

Está sendo massacrada por seu público, que se sente compreensivelmente traído pela musa e mentora.

Como reza aquele velho clichê que todo mundo fala em espanhol porque parece mais chique: cria corvos, que eles te sacarão os olhos.

Amarraram Rachel num poste e a estão linchando.

Como culpá-los?

Ela mesma avisou: “O que resta ao cidadão de bem que, ainda por cima, foi desarmado? Se defender, é claro”.