PUBLICADO ORIGINALMENTE NO FACEBOOK DO AUTOR.
Tem gente, mesmo na esquerda, que acredita que o banqueiro Amoêdo representa algo como uma direita extremada, mas democrática. Deve ser porque, ao contrário do outro, ele tem cara de quem toma banho todos os dias e sabe pronunciar palavras de quatro sílabas.
Hoje, ele assina artigo na Folha defendendo o voto no Coiso – sem ter coragem de citá-lo pelo nome, falando só em “votar contra o PT”. O grosso do texto é a repetição das simplificações típicas do Novo (sic) sobre o Estado mau e o mercado salvador. Aliás, o mecado é a fake news “signature” do Novo (sic).
O que, no Coiso, geraria repulsa em Amoêdo? As fake news? Não para quem tem um discurso todo baseado em mistificações grosseiras. O caixa 2? Não, já que no universo mental do ultraliberalismo o abuso indiscriminado do poder econômico é a essência da liberdade de expressão. A tortura? Não, já que ele sabe (e a experiência histórica mostra) que um projeto tão regressivo quanto o dele só triunfa com brutal repressão contra a oposição política.
Coiso e Novo (sic): tudo a ver. O neofascismo que saiu às ruas nessa eleição é a encarnação do momento do neoliberalismo extremado voltado a destruir direitos e levar a exploração ao zênite.
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Luís Felipe Miguel é professor da UnB, coordenador do Demodê – Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades. Criou a primeira disciplina sobre o golpe de 2016.