O filme “22 de julho”, sobre o julgamento do neonazista Anders Breivik, que matou 77 jovens num acampamento numa ilha na Noruega em 2011, contém uma lição importante.
Arrogante, Breivik se gaba de sua façanha.
— Outros farão o que comecei, diz ele.
— E nós os derrotaremos novamente, meus filhos e eu, responde o advogado, que encarna a democracia e o espírito humano.
A vitória de Jair Bolsonaro é passageira. O fascismo foi derrotado outras vezes. Não vai demorar e não vale a pena esmorecer.
É importante não perder isso de vista.
A luta está apenas começando. O DCM será uma das trincheiras. Não sairemos daqui.
A última semana representou uma reação espetacular. A vitória de lavada que as hordas bolsonaristas anunciavam virou uma distância de 10 pontos.
A diferença entre Bolsonaro e Haddad no segundo turno foi de 10.758.376 votos, a terceira menor no segundo turno desde o pleito de 1989.
Collor ganhou de Lula por 4.013.634. Em 2014, Dilma Rousseff superou Aécio Neves em 3.459.963 votos.
Nos válidos, Haddad teve 44,87%, a terceira maior porcentagem de um segundo colocado, atrás apenas de Aécio há quatro anos (48,36%) e Lula em 1989 (46,97%).
Você notou, ao votar, uma rede solidária. Gente que conversava, se abraçava, trocava experiências, torcia.
Uma recuperação da política como atividade cotidiana, exercida com quem está próximo de nós e que deixamos de enxergar por algum motivo.
Isso não vai se extinguir. E eles não vão resolver na bala. O jogo está apenas começando.
Em 1940, na Batalha da Grã-Bretanha, Churchill fez um de seus discursos memoráveis, dirigindo-se à Força Aérea Real, que tinha menos homens e aviões que os inimigos da Luftwaffe.
“Que nós nos unamos”, disse ele, “para que daqui a mil anos as pessoas digam: ‘Aquele foi seu melhor momento!’”
Foram anos até que o nazismo fosse sobrepujado, mas aconteceu.
Este será nosso melhor momento.
Ninguém solta a mão de ninguém.