O escritor Fabio Hernandez discorre sobre essa paixão duradoura.
Tá no New York Times.
Uma atriz negra foi fotografada com as pernas sem depilação. O jornal mergulha no assunto e discute o fascínio que os pêlos femininos provocam numa minoria (barulhenta) de homens.
Um leitor, num comentário, escreveu uma frase curta e potente como o AK 47 de bin Laden: “Muita mulher está esperando a volta do matagal.”
É óbvio que sim.
A escassez devastadora de pêlos transforma as mulheres em meninas. A natureza sabe o que faz. Meninas não têm pêlo inicialmente. Depois, um pouco. Ao virarem mulheres, uma floresta marca o desabrochar. Lamentavelmente, essa floresta é alvo de um desmatamento num nível semelhante ao da Amazônia. A cera faz o trabalho dos machados.
A depilação exagerada que se tornou ditadura entre as mulheres é um retrocesso aos tempos de menina. Tem um apelo quase que pedófilo. Almofadinhas também costumam apreciar a limpezarepresentada supostamente pela ausência de pêlos. Eles preferem um perfume caro de griffe, ou mesmo barato, ao cheiro agridoce inimitável que as fêmeas carregam entre suas pernas delicadas.
Madonna, como lembra a reportagem do Times, explodiu com um ensaio de fotos em que estava mais cabeluda, sob os braços, que o seu namorado na época. A foto que abre esta texto é um clássico do erotismo contemporâneo.
Madonna era jovem, petulante. Não a velhota repetitiva e conformista de hoje.
Os pêlos femininos pronunciados têm um apelo erótico parecido com o do piercing íntimo. Não provocam pelo que são, mas pelo que sugerem: que sua dona tem atitude sexual. Que não se dobra às convenções. Que não vai fazer questão de um banho imediatamente depois do enlace ardente entre os dois corpos famintos. Que não conseguirá disfarçar um olhar de repulsa se você estiver suado ao penetrá-la com o ímpeto justo de Musachi ao descer sua espada de madeira sobre os maus samurais.
É isso, apenas isso, que a minoria (barulhenta) de homens espera de uma mulher.