Desde que o PT perdeu o poder, algumas palavras caíram em desuso na mídia. Uma delas, invocada para tudo, é “aparelhamento”.
Deveria estar sendo empregada para o que Jair Bolsonaro está fazendo em seu governo com os militares.
Nesta segunda, dia 26, ele anunciou, pelo Twitter, onde mora, o general-de-divisão Carlos Alberto dos Santos Cruz para comandar a Secretaria de Governo.
É o quarto militar nomeado. Com Hamilton Mourão na vice presidência, temos cinco no primeiro escalão, o maior número desde o fim da ditadura.
Os demais são o general Augusto Heleno para o Gabinete de Segurança Institucional, o general Fernando Azevedo e Silva na Defesa e o tenente-coronel Marcos Pontes, o astronauta que vendia “travesseiros da Nasa”, na Ciência e Tecnologia.
Um sexto pode estar a caminho.
Mourão afirmou que o general da reserva Joaquim Maia Brandão Júnior é avaliado para o novo Ministério da Infraestrutura, segundo o Estadão.
“Ele tem grande experiência na área”, garante Mourão.
Por isso entenda-se o trabalho no Departamento de Engenharia e Comunicações da corporação por cinco — cinco — anos.
Em entrevista, Cruz resumiu por que o chefe o escolheu.
“Eu me formei antes dele três anos. Mas, depois, a gente participou de equipes esportivas juntos. A gente vem de um relacionamento muito sadio da área esportiva”, conta.
Maravilha.
Há dois dias, Bolsonaro repetiu que “o critério para preencher (os ministérios) é técnico, não é festa”. Ele não vai “jogar cargo pra cima e quem se jogar na frente pega”.
Ufa. Bolsonaro se reúne regularmente com os companheiros da caserna. No domingo, 25, almoçou na Escola de Educação Física da corporação no bairro da Urca, no Rio.
O convite do evento dizia que o “Encontro do Calção Preto” de 2018 reuniria comandantes, instrutores e professores para “relembrar momentos inesquecíveis passados da unidade”.
Difícil crer que cada rendez-vous desses sirva apenas para recordar dos bons tempos em que Dom & Ravel tocavam na vitrola.
Com passagens no Haiti e no Congo, Cruz falou à Folha que não acha que a interlocução com o Congresso Nacional seja uma “assombração”. Deve pensar que é tudo a mesma selva.
Em sua coluna, Lauro Jardim revelou que, na privacidade, Dias Toffoli, presidente do STF, só chama Bolsonaro de “capitão”.
Se é ironia, deferência ou medo, não ficou claro. Mas, conhecendo o grau de coragem do Supremo, você já imagina.