O diagnóstico de Lula a respeito de Moro, expresso na carta enviada à reunião do Diretório Nacional do PT, é preciso:
Se alguém tinha dúvidas sobre o engajamento político de Sergio Moro contra mim e contra nosso partido, ele as dissipou ao aceitar ser ministro da Justiça de um governo que ajudou a eleger com sua atuação parcial.
Moro não se transformou no político que dizia não ser. Simplesmente saiu do armário em que escondia sua verdadeira natureza.
Moro se fez em cima de Lula, sua nêmesis e sua razão de ser. Rapidamente percebeu que tinha diante de si uma imensa oportunidade para suas ambições.
No novo normal brasileiro, legiões ignaras não viram o absurdo patente quando o depoimento do ex-presidente ao juiz foi descrito como “a luta do século” ou qualquer estupidez do gênero.
Ora, um estava julgando o outro. Nunca houve paridade de condições.
O establishment, mídia à frente, fechou os olhos quando o ex-magistrado foi nomeado pelo sujeito que ajudou a colocar no Planalto.
“Deve haver um tempo entre a saída da magistratura e o ingresso na política”, apontou Gherardo Colombo, um dos juízes que conduziram a Mãos Limpas na Itália nos anos 90.
Antonio Di Pietro, o procurador que virou celebridade italiana no bojo dessa operação, demorou um ano e meio para aceitar um cargo.
Teve uma carreira medíocre e hoje admite, em sua fazenda de oliveiras, que a corrupção continua grassando no país.
O impoluto Moro está totalmente à vontade num ministério coalhado de gente investigada.
Concedeu o perdão divino a Onyx Lorenzoni, recebedor confesso de caixa 2 — ao mesmo tempo em que garante que acabou o indulto com “tão ampla generosidade” para presos.
Moro está de olho na presidência em 2022. O problema, desde já, passou a ser de Jair Bolsonaro.