O silêncio atual do loquaz STF foi explicado pelo presidente da corte, Dias Toffoli, num evento denominado Seminários da Feiticeira 2018.
Organizado pelo advogado e professor Tercio Sampaio, ocorreu numa praia bacana de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo (onde o bicheiro Ivo Noal tinha casa até pouco tempo atrás).
Foi confessional.
“A judicialização da política é um dado da realidade. O Judiciário se transformou como se saísse da estufa. Seu papel mudou”, discursou o ministro.
“Suas decisões se espraiaram para além dos casos concretos e passaram a se irradiar para toda a sociedade”.
Cabeludo — o que não faz um implante de primeira? —, barba bem feita, pele brilhante, aboletado num gazebo com um plateia seleta à volta, Toffoli avisou que “é hora de o Judiciário se recolher”.
“É preciso que a política volte a liderar o desenvolvimento do país e o projeto de nação”, anunciou.
Arrematou numa tabelinha futebolística com Bolsonaro: “Temos de deixar de querer marcar gol. Vamos ser zagueiros, garantir o que está no livro. A política deve voltar a ocupar seu papel”.
Toffoli está admitindo, portanto, que sua atuação e a de seus pares extrapolou o chamado job description.
Uma vez eleito Jair, eles devem voltar a seus afazeres.
Bolsonaro pode, digamos, montar um elenco de corruptos, que ninguém vai dar um pio. Ameaças à democracia podem ser feitas diariamente.
Sergio Moro pode assumir um ministério numa boa depois de tirar do páreo o líder nas pesquisas.
Boca de siri.
A conversa de Toffoli soa como uma confirmação da máxima de Romero Jucá em seu inesquecível diálogo com o empresário Sergio Machado, da Transpetro (“Com o Supremo, com tudo”).
Fecha-se um ciclo.
Por que o Supremo não voltou para a casinha antes?
Por que não se defendeu a Constituição quando Eduardo Cunha barbarizava à frente do processo do impeachment?
Na segunda passada, Temer sancionou o reajuste para ministros do Supremo Tribunal Federal.
O salário foi de R$ 33 mil para R$ 39 mil.
Bom momento para desistir de “marcar gol”. Especialmente na praia.