O governo “vitorioso” de Temer, o aumento da extrema pobreza no Brasil e a tragédia anunciada para 2019. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 5 de dezembro de 2018 às 16:58
Ele
Algo de muito errado acontece quando um presidente da República avalia que o seu governo foi vitorioso no mesmo dia em que um órgão do Estado anuncia o aumento da extrema pobreza no país.

Como não dá para levantar a hipótese de que seja o caso de simples desinformação do homem que comanda a nação, só nos resta admitir que o seu conceito de vitória não inclui o bem-estar do seu próprio povo.

Visto por esse ângulo, não é em absoluto errado afirmar que o projeto de poder encabeçado por Michel Temer e sua equipe de notórios foi extremamente bem-sucedido naquilo que se propôs a fazer.

Ter elevado o número de brasileiros que vivem em condições abaixo da linha da pobreza foi a consequência natural para todas as medidas políticas, econômicas e sociais impostas que desmantelaram a rede de assistência social que garantia uma dignidade de vida mínima para uma grande parcela da população brasileira.

Consumado o regime de desmonte da economia nacional, o Brasil registra a triste marca de nada menos do que 54,8 milhões de pobres. 2 milhões arrastados para essa faixa em apenas 1 ano.

Sem contabilizar as pioras nos índices sociais verificados em 2018, o que já se pode afirmar de concreto de 2017 é o de que 1 em cada 4 cidadãos desse país sobrevive precariamente graças ao governo “vitorioso” de sua excelência.

Seria o caso de comemorar o fim dessa era de abandono e retrocesso se o que se inicia em 2019 não representasse um futuro ainda mais sombrio do que esse que fomos obrigados a provar nesses dois anos e meio de ruptura do processo democrático.

Se a gestão Temer estava voltada para o aumento da desigualdade social e dos privilégios do topo da cadeia alimentar capitalista já escandalosamente elevados no Brasil, a posse de Jair Bolsonaro e seus generais carrega o marco de um novo projeto de poder extranacional em que os excluídos da vez não se limitarão simplesmente aos pobres, mas a todo o conjunto da riqueza nacional.

Claramente colonialista, Bolsonaro já manteve claro a sua intenção de aumentar o nível de dependência da economia brasileira às necessidades norte-americanas.

Até pelo fato das experiências passadas, não é preciso de muita inteligência para perceber o estrago que esse tipo de subordinação e vassalagem pode causar em um país que já figura no olimpo das injustiças sociais.

Os resultados práticos para o regime ao que o Brasil será submetido sob o comando de um desequilibrado nitidamente incapacitado para comandar sequer uma quitanda de açaí, são obviamente esperados.

A exemplo de Michel Temer, vislumbrado o que se propõe a fazer, não tardará para que Bolsonaro faça alarde aos quatro ventos que o seu governo também é vitorioso.

Sob sua ótica e, sobretudo, sob a ótica norte-americana, de fato será. Para o Brasil, tudo não passará da mais pura e fria concretização de uma tragédia anunciada.